A simplicidade, a vida
sustentável e o respeito a ecologia do planeta não são coisas externas e
apartadas de nós. Basta que comecem dentro do nosso ecossistema interior. A
simplicidade é a chave não apenas para isso, mas para uma vida com mais
felicidade e menos neuroses. E quando você se livra das tarefas insuportáveis
do cotidiano, quase todas motivadas por uma pressão exterior e por padrões de
comportamento e consumo estereotipados, você começa a ter mais tempo para refletir
sobre outros pequenos vícios e padrões dos quais você pode também se libertar.
E aí começa a perceber que basta muito pouco para ser feliz.
Consumo consciente e sustentável
passa por essas pequenas atitudes
do dia-a-dia. E não significa que você tenha que comprar coisas baratas e sem qualidade. Se você consumir menos, pode se dar a pequenos luxos. Até certa idade me preocupei muito em ter. Como qualquer pessoa. Mas nunca fui um consumista. Na verdade, sempre me preocupei mais com qualidade do que com quantidade. Em mim, o mundo da abundância sempre foi interior. Com um cérebro que fervilha em pensamentos, ideias e invenções desde que me conheço por gente, seria demais me preocupar com coisas exteriores. Sou metódico. Cheguei a ter, em alguns momentos, sintomas de TOC. Mas aprendi a controla-los. O segredo foi simplificar.
do dia-a-dia. E não significa que você tenha que comprar coisas baratas e sem qualidade. Se você consumir menos, pode se dar a pequenos luxos. Até certa idade me preocupei muito em ter. Como qualquer pessoa. Mas nunca fui um consumista. Na verdade, sempre me preocupei mais com qualidade do que com quantidade. Em mim, o mundo da abundância sempre foi interior. Com um cérebro que fervilha em pensamentos, ideias e invenções desde que me conheço por gente, seria demais me preocupar com coisas exteriores. Sou metódico. Cheguei a ter, em alguns momentos, sintomas de TOC. Mas aprendi a controla-los. O segredo foi simplificar.
Como gosto de ter tempo para
pensar e criar, aos poucos fui simplificando minha vida diária. Fui me livrando
de atividades e rituais onde normalmente gastamos horas intermináveis. Anos de
vida em atividades inúteis para a ecologia interior. Fui aperfeiçoando esse
processo. É interessante simplificar a vida diária. Principalmente nas pequenas
coisas. E perceber como isso nos alivia de um peso muitas vezes insuportável.
As primeiras coisas que eliminei
do meu cotidiano foram roupas e adereços. Não que eu ande nu. Mas descobri que
nessa categoria se precisa de realmente muito pouco. Nunca tive paciência para
comprar roupas. Desde muito novo não gostava de entrar em lojas e ficar lá,
naqueles provadores apertados, experimentando modelos e cores. Aliás, de cores,
gosto mesmo é do azul. Das coisas. Mas para vestir, o preto. Pronto. Menos uma
opção.
De uns tempos pra cá descobri a basico.com. Eles vendem online e trabalham
com modelos simples e cores básicas. Usam nas camisas um algodão peruano
chamado pima. Macio, durável com
excelente caimento. Basta lavar e pôr no corpo. O modelo de gola C pode vir com
mangas curtas ou compridas. E são exatamente iguais. Estava resolvido meu
problema. Comprei 5 de cada tipo e pronto. Todos os dias uso o mesmo modelo e
cor. Não preciso escolher. Basta pegar a primeira da pilha.
Não me importo com moda ou
tendência, como se diz hoje em dia. Minha escolha é sempre o conforto,
descrição e praticidade. A calça jeans foi a melhor invenção da história do
vestuário. Serve para tudo. E não se precisa de muitas. Um jeans dura muito
tempo e quanto mais velho, mais confortável e gostoso de usar. Fica com sua
cara e sua história. Mas jeans aperta e esquenta. Aí descobri um jeans com um
fio elástico misturado na trama. É o paraíso em forma de calça.
Passou a ser minha única calça.
Exagero? Não. Com essa calça coringa, vou a casamento, reunião de trabalho e
festa. Ando pra todo lado. Bastam três peças iguais. Se tanto. Na verdade, duas
seriam suficientes. Usando uma enquanto a outra está lavando. Também gosto de
usar bermudas. Daquelas com um monte de bolsos. Também são duas. Azuis. Uso a que não está lavando. E vou alternando.
Sapatos são outro problema.
Principalmente para as mulheres! Como quero conforto, uso tênis. Adoro tênis.
Mas não esses modelos coloridos e extravagantes da moda. Gosto dos clássicos. Na
verdade, de um só: o Adidas SL72,
lançado nas Olimpíadas de Munique em 1972. Um clássico do conforto e design.
Mas está ficando difícil de achar. Então um All Star de cano longo, outro
clássico, serve para poupar o desgaste do alemão das três tiras. Como só tenho dois
pés, só precisaria mesmo de um par de sapatos. Mas vá lá. Tem as ocasiões sociais.
Então o terceiro par é um mocassim azul escuro de couro macio. Mas nada me
impede de ir a um casamento de All Star
ou com o velho Adidas. Detesto rótulos.
Dessa forma, somando ao meu
uniforme diário um paletó de tweed marrom claro, estou pronto para ir a qualquer
lugar. E se não me deixarem entrar com meu uniforme, bem... então provavelmente
não vou gostar mesmo de estar nesse lugar. Com toda essa simplicidade, todo o
meu guarda roupa se resume a quatro peças básicas em pouca quantidade. E tudo
cabe dentro de uma mala grande de viagem. Como não preciso escolher, posso me
vestir em menos de três minutos. Sem correria e sem ter que gastar energia
fazendo escolhas. Assim posso saborear com mais calma meu café da manhã.
Mas como tudo isso ajuda a
conservar o planeta? Para ajudar o meio ambiente precisamos tirar menos dele.
Para tirar menos, precisamos consumir menos. Para não sujar devemos descartar
menos. Para diminuir o descarte precisamos usar coisas mais duráveis. E
naturais. Por isso só uso relógios à
corda automáticos. Eles não precisam de
baterias com elementos tóxicos para funcionar. E somente um. Afinal, para que
ficar trocando de relógio pra combinar com a roupa se uso poucas. O velho Orient Sea Master de coroa roscável não
entra água de jeito nenhum e não precisa sair do pulso. Resistente e durável
pode ficar no pulso por décadas sem quebrar. Menos lixo no planeta.
Quando o assunto é caneta - uma
paixão e mania - deixei de comprar as esferográficas e, para simplificar, voltei
a usar as de pena. São ecológicas. Você não polui o ambiente jogando uma fora a
cada mês. Acabou a tinta? Enche de novo. Não uso refil, pois também viraria
lixo. Gosto daquelas com bombinha que sugam a tinta direto do vidro. Tenho uma clássica
feita no Japão. Vai durar muitos anos. Aliás, quem escreve com uma fountain pen, nunca mais vai querer usar
outra caneta. E também não vai descartar uma esferográfica por semana.
Gosto de andar de carro. Tenho paixão
por automóveis. Principalmente os antigos. Acho que só comprei um zero na vida.
Há muito tempo atrás. Depois vi que é perda de dinheiro e de qualidade. Andar
de carro polui. Mas trocar de carro todo ano, se curvando ao apelo do marketing
da indústria automobilística, polui muito mais.
Carros bons podem durar cinquenta anos. E se cada habitante ficasse mais
tempo com seu carro, milhões deles deixariam de ser fabricados e a poluição e o
impacto no meio ambiente, seriam reduzidos drasticamente.
Se você prestar atenção aos
detalhes, verá que em muitas coisas pode economizar dinheiro, optar por ter
algo de qualidade e durabilidade e ajudar ao meio ambiente. Como óculos, por
exemplo. Uma armação clássica nunca sairá de moda. Se for fabricada em um
material de qualidade será leve e durável. E se se vão ficar muito tempo com
você significa que haverá menos lixo no meio ambiente. E menos poluição gerada
pelo consumo de modismos.
E falando em lentes, também uso
as antigas em minhas câmeras fotográficas. Verdadeiras preciosidades, algumas
com mais de 30 anos. São caras e difíceis de encontrar. Mas são melhores que as melhores lentes novas
atuais. Logicamente, pela necessidade de meu trabalho, também tenho lentes
novas, com componentes eletrônicos e facilidades como foco e abertura
automatizadas e redução de tremidos. Mas sei que não durarão tanto quanto as
companheiras antigas. Provavelmente durarão menos que as manuais antigas. Mas
durarão muito.
Dessa forma, escolhendo ter
poucas coisas, mas optando por qualidade e simplicidade, estou fazendo minha
parte para ajudar na conservação do planeta. E gastando menos ao final das
contas. Simplificando a vida, ganho mais tempo para viver e fazer coisas que
realmente me acrescentem e me tragam felicidade. Simples assim.
Brasília, maio de 2014
O primeiro texto narrado em primeira pessoa que leio em seu blog. Assim pude conhecer um pouco mais sobre seus hábitos e costumes de forma clara e objetiva obtendo uma visão até didática de como podemos viver de forma prática , simples, confortável sem perder a classe.
ResponderExcluirSó não gostei quando chegou ao fim. Gostaria de continuar a leitura... Espero que continue abordando este assunto extremamente relevante para nós, extremamente consumistas.
Sandra, o texto realmente precisa de uma segunda versão. Já simplifique mais coisas. Não fique triste. Em breve público a segunda edição. Beijos.
ExcluirEstarei aqui cobrando a promessa!! Daqui não saio, daqui ninguém me tira!!
ResponderExcluirObrigada pela atenção! Bjs