sábado, 5 de setembro de 2015

Quando uma foto importa muito, mesmo que nos choque.



O "garoto" cuja foto onde aparece afogado em uma praia da Turquia e tem incomodado alguns conhecidos(as) aqui no Face Book, tem nome: Se chama Aylan Kurdi. Nessa foto aqui ainda estava vivo, dormindo no colo da mãe horas antes de tentar a travessia que tirou sua vida. A repetição de imagens contendo uma carga violenta de tragédia pode sim, como bem lembrou Sandro Alves​, e outros que evocaram Susan Sontag, anestesiar a opinião das massas ignorantes. Mas carregam também um tremendo poder de mobilização instantânea; e por isso são captadas. O fotógrafo ético só divulga uma imagem dessas se achar que pude servir para motivar. Caso contrário, se tornam troféus de imbecilidade e mau-caratismo nas mãos dos Sebastiões Salgados da vida.

A morte do pequeno Aylan não foi em vão. Não justifica e nem deveria ter acontecido, mas graças a  ele, cerca de 15 mil refugiados conseguiram entrar na Áustria e na Alemanha nas últimas 24 horas e cerca de 180 mil outros vão receber asilo nos próximos dias ou semanas. Todos eles seriam trancafiados em campos na Hungria ou deportados de volta a Síria. Mas ainda existe mais de meio milhão de refugiados, deslocados pelas guerras naquele país, no Iraque e no Afeganistão, no Líbano e outros países às margens do Mediterrâneo esperando para fazer a travessia para a Europa.

Sim, muitas outras mortes acontecerão. Aydan Kurdi foi uma das quase três mil pessoas que morrerão ou desapareceram tentando a travessia em condições precárias e desumanas, vítimas de traficantes de pessoas. Outras tantas mil morrerão nos próximos meses, mas a morte e o drama desse garotinho não permanecerá anônima como as demais.


Você não deve mesmo reproduzir a foto desse menino jogado na areia. Mas pode e deve reproduzir uma das várias fotos dele ainda vivo e feliz, apesar da tragédia em que viveu, que existem pela internet.  Manter sua imagem e sua estória viva significa mantermos a pressão social que ajuda na solução de parte do problema.