domingo, 16 de julho de 2023

"La petit Anglaise"

 

Jane Birkin (1946-2023) em fotograma do clipe "Je t'aime...moi non plus"


"Oh, mon amour
Tu es la vague, moi l'île nue
Tu vas, tu vas et tu viens
Entre mes reins
Tu vas et tu viens
Entre mes reins
Et je te rejoins"

https://youtu.be/GlpDf6XX_j0


E lá se foi hoje mais uma daquelas grandes mulheres revolucionárias. "La petit Anglaise" como os franceses a chamavam, assim como nossa Rita Lee, que também nos deixou a pouco, eram aquele tipo de pessoa essencial a toda uma geração. Pessoas que romperam com barreiras, desafiaram preconceitos e, principalmente, nos fizeram sonhar! Quem (pelo menos os da geração de 1960) não curtiu momentos de paixão - ou solidão - escutando a escandalosa "Je t'aime... moi non plus". Uma espécie de versão déjà vu de "Mania de você" ? O que mais lamento é que essas pessoas que partem não deixam substitutos "a altura. E nós... vamos ficando por aqui, no meio dessa mediocridade pós moderna... 

terça-feira, 6 de junho de 2023

 


É... Astrud se foi ontem aos 83... Não será muito homenageada por aqui. Fo a primeira mulher a ganhar o Grammy de Música do Ano, Superou muitos desafios por ser mulher e casada com um cara com um talento pra música que era tão grande quanto seu ego. Inventaram que ela foi "descoberta" pelo marido e por Tom Jobim. Não apareceu nos créditos do álbum "Getz/Gilberto" que vendeu milhões de cópias e lançou Garota de Ipanema mundialmente. Aliás ela recebeu apenas US$ 120,00 pela sessão de gravação e poucos meses depois um pé na bun** do marido. Mas continuou a carreira e lançou mais 18 discos e muitos shows pelo mundo. Morreu nos EUA, para onde se mudou em 1963. Foi uma das maiores divulgadoras da bossa nova, mas por aqui nunca reconheceram isso.

Pra matar a saudade que vai ficar...



sábado, 18 de setembro de 2021

Erro histórico corrigido...

 


Foram onze anos de espera para ver que eu tinha razão! Em 2010 a Apple lançava o iPhone 4. O design, em minha opinião, foi o mais bonito até hoje criado para um celular. Em 2014 a Apple lançou o iPhone 6 com o famigerado design que perdurou sete anos. Copiado das "tendências" de outros fabricantes e depois recopiado por estes. Levaram onze anos para reconhecer o erro. E o belo e harmonioso design finalmente volta com o iPhone 13. Penso que tudo na vida e na natureza evolui para atingir uma forma quase perfeita, que depois se tornará inigualável e eterna. No mundo do design essa noção vem sendo esquecida pelo apelo de popularidade e mais vendas. Ou por simples mau gosto dos designers. Mas felizmente alguns reconhecem o erro e voltam à boa forma.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Brasil e Índia, tristes coincidências...

 












Um trabalhador de um crematório carrega madeira para a cremação de vítimas que morreram de Covid-19 em terreno na margem do rio Ganges, em Allahabad em 27/04/2021. Foto: Ritesh Shukla/NurPhoto via Getty Images.

A escalada da epidemia na Índia reforça duas constatações cruéis e historicamente arraigadas na atual cultura global. A divisão do mundo em castas e a desigualdade social. A pandemia de Covid19, ao contrário de outras epidemias e doenças transmissíveis ou não, não poupa os mais ricos. Mas com certeza atinge de forma desproporcional as populações mais carentes e desassistidas ao redor do mundo. Durante décadas uma pequena parte da população mundial se acostumou confiar nos seus sólidos sistemas de saúde, acesso a medicamentos e recursos médicos avançados e a falsa noção de segurança de que catástrofes sanitárias, como a atual epidemia de SarsCov2, teriam ficado no passado, como a Gripe Espanhola, que dizimou muito mais vidas, em números absolutos e relativos, que o vírus causador da Covid.

O mundo desenvolvido sempre virou as costas para a desigualdade dos países mais pobres. E mesmo em seus próprios territórios a pobreza e desigualdade social foi sempre camuflada, disfarçada e jogada para baixo do tapete da falsa pujança econômica. Talvez por isso tenham sido pegos de surpresa. Países com alto grau de desenvolvimento econômico estão sendo fortemente afetados e experimentando apagões em seus sistemas de saúde. Agora a Índia assusta o mundo com a escalada de uma segunda onda da pandemia sem precedentes em número de mortos e casos diários de contágio. O medo do surgimento de novas variantes mais contagiosas e letais e mesmo um senso humanitário, pautado por uma certa etiqueta internacional, que só se coloca em movimento em casos de grande repercussão midiática, começa a movimentar o envio de equipamentos, insumos médicos e profissionais de saúde para tentar auxiliar uma emergência, que pelo tamanho da população envolvida e as condições precárias de assistência hospitalar, parece ser uma tarefa sem chances de sucesso a curto prazo.

sábado, 1 de maio de 2021

A vacina Tríplice Viral (MMR) teria ajudado a frear a pandemia?

Nos primeiros meses da pandemia de Covid, em março de 2020, começaram a surgir nas revistas médicas, especializadas em publicar artigos científicos, os primeiros trabalhos mostrando evidencias plausíveis de que a imunização prévia com algumas vacinas, regularmente aplicadas em quase todo o mundo,  especialmente a MMR (no Brasil conhecida como Tríplice Viral) produziam forte resposta imune cruzada contra o vírus SarsCov2. Polêmicos, esses artigos foram alvo de revisão por pares ao longo do ano de 2020. hoje, passado um ano, quando se pesquisa o assunto "MMR and Covid" no Google, aparecem dezenas de trabalhos já publicados. Alguns são meta-análises de outras publicações. Em todos os trabalhos publicados, em suas conclusões finais, os autores ressaltam que é necessário o aprofundamento dessas pesquisas, com grupos maiores e métodos de controle científicos para confirmar os estudos iniciais.

A partir do segundo semestre de 2020 as notícias promissoras em relação a pesquisa e início da produção de várias vacinas específicas contra o vírus causador da Covid19 ofuscaram o interesse e talvez até o apoio financeiro para verificar a viabilidade de se usar vacinas seguras, amplamente disponíveis e já testadas e aprovadas a décadas para tentar conter a pandemia. A celeridade com que foram conduzidas as pesquisas e testes dos novos imunizantes para proteger contra o SarsCov2 e sua posterior aprovação para uso emergencial ou definitivo deu uma sensação de segurança a comunidade científica e a população mundial. Mas esse excesso de otimismo também se refletiu na previsão que se poderia fabricar em tempo recorde os bilhões de doses necessárias para imunizar toda a população mundial no espaço de tempo necessário para parar a doença e evitar o desenvolvimento das variantes perigosas.

domingo, 11 de abril de 2021

Morreremos mais cedo, trabalharemos mais... outros reflexos da pandemia.

A pandemia está causando impacto na saúde coletiva e na economia para além de mortes e desemprego. Estudos mostram uma diminuição de até dois anos na expectativa de vida de homens e mulheres, em vários países. As recentes alterações nas regras de aposentadoria, baseadas na premissa anterior à pandemia, que indicavam maior longevidade da população, devem ser revistas? Leia a seguir.

Um estudo feito pela Universidade de Harvard em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais[i] aponta que a pandemia de Covid-19 reduziu em quase dois anos a expectativa de vida do brasileiro ao nascer. A redução varia levemente entre os estados da federação. O Distrito Federal teve uma queda de 3.68 anos na taxa, a maior no Brasil. A expectativa de vida dos brasileiros (média entre homens e mulheres), que mantinha uma tendência de crescimento por anos consecutivos, passou de 76,6 anos em 2020 para prováveis 74.6 anos, quebrando a série positiva. O fenômeno não é visto no apenas no Brasil. Outros países do mundo já detectaram essa tendência. Nos Estados Unidos a redução foi menor, cerca de um ano de vida. A quantidade de fatalidades causadas pela pandemia tem colocado por terra décadas de esforços em todo o mundo, através de investimentos em saúde e medicina preventiva, no sentido de aumentar a longevidade das pessoas.  

Esses números provavelmente vão impactar também a taxa de fertilidade. Segundo o segundo o neurocientista Miguel Nicolelis, podemos ter mais mortes do que nascimentos em 2021. Agora, em março de 2021, em alguns estados e cidades brasileiras, houve mais óbitos que nascimentos. Em relatório divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a região Sudeste teve, pela primeira vez, mais mortes que nascimentos.

sexta-feira, 9 de abril de 2021

Os lucros bilionários (e imorais) por trás das vacinas e da pandemia

 


Mesmo quando o mundo enfrenta um problema sério e comum a lógica do capitalismo globalizado e sem fronteiras e os interesses políticos se colocam acima do bem comum que é a saúde dos habitantes do planeta.  Vidas humanas e a obrigação ética da solidariedade não tem vez quando o dinheiro e o poder falam mais alto. A indústria farmacêutica sempre soube que vacinas não são um bom negócio. Vacinas são geralmente baratas e aplicadas uma ou duas vezes em cada indivíduo. Ao contrário, remédios mais caros, principalmente os mais modernos, serão usados muitas vezes por cada paciente. Lucro de bilhões de dólares garantidos. Vacinas, principalmente voltadas para doenças que afetam os países mais pobres são sempre subsidiadas por governos e instituições filantrópicas. Só dessa forma o custo de pesquisa e produção e os riscos de eventuais fracassos passam a interessar os fabricantes de medicamentos.

Muitas doenças e epidemias foram controladas e mesmo erradicadas no planeta desde a invenção das primeiras vacinas. Dessa forma as quantidades hoje necessárias são bem menores, usadas em campanhas de reforço ou durante o surgimento de focos de certas doenças. A consequência desse desinteresse em um produto que não dá lucro fez com que muitas fábricas de vacinas fossem fechadas em vários países. Países como a China, a Índia e mesmo o Brasil se tornaram então grandes produtores e exportadores de vacinas, principalmente para países mais pobres e mesmo para as altas demandas locais. Isso só foi possível com apoios financeiros governamentais em pesquisa e compra garantida da maior parte da produção.

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Tic-tac-tic-tac... ainda é possível desarmar essa bomba?


 
A pandemia de Covid não está só levando milhões de vidas e deixando tristeza e muitas famílias sofrendo perdas irreparáveis. A pandemia está derretendo não apenas economias fortes e estáveis, mas dizimando países que já vinham sofrendo décadas de desigualdades e miséria. Em comparação a 2019, o número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza pode aumentar em 120 milhões de indivíduos. Esse número é baseado na premissa que a economia global comece a se recuperar em 2021. O que é pouco provável, se considerarmos que a pandemia não mostra sinais claros de arrefecimento, principalmente devido à escassez de vacinas e a dificuldade enfrentada por muitos países em controlar o aumento de casos e índices de transmissão.  Como é o caso do Brasil.

Nesse cenário, mais pessimista e realista, a perspectiva de longo prazo é que metade dessas pessoas, cerca de 60 milhões, pode permanecer permanentemente na situação de miséria extrema. Isso significa que o avanço, mesmo que pequeno, na diminuição da pobreza, conquistado desde 2018 seja perdido e que, em 2030 esse número seja ainda maior que os existentes em, antes da pandemia.  As previsões mostram ainda que as maiorias dessas pessoas estarão em países da África.

Quando se trata de recuperação econômica e proteção aos cidadãos, nas economias mais ricas, os gastos e investimentos, feitos por esses países com ajudas financeiras em prol da diminuição da pobreza para as nações mais pobres, em valores de 2018, representa cerca de 1% do total que será gasto pelos países ricos para conter os danos causados pela pandemia. Estima-se que cerca de U$ 13 trilhões de dólares serão investidos, contra pouco mais de U$ 130 bilhões que foram gastos com ajudas aos países mais pobres.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Teorias da conspiração... Covid fugido de laboratório? Acho que não!

 


Embora possa ser algo factível – um vírus fugir de um dos muitos laboratórios de pesquisa científica oficiais ou secretos – dificilmente seria o caso do SARSCoV2. Há muitos outros fatos, facilmente documentados, verificados e disponíveis abertamente para pesquisa, que permitem conclusões muito mais plausíveis e, inclusive, previstas há mais de uma década, sobre a hipótese de grandes pandemias causadas por patógenos conhecidos e outros ainda desconhecidos, por causas diversas. A maioria dos avisos foi dada por cientistas virologistas, ambientalistas, médicos e até economistas. Esses alertas contemplaram e ainda se referem aos danos ao meio ambiente causados pelo homem, como o desflorestamento, as experiências transgênicas, a poluição ambiental, o efeito estufa sobre o clima e as agora bastante visíveis mudanças climáticas resultantes dos fatores anteriores.

Para quem tem disposição de ler, fora do contexto das notícias rasas dos jornais e mídias sociais e das inevitáveis fakenews, na web se encontram em domínio público, milhares, senão milhões de artigos científicos e reportagens investigativas sérias sobre esses assuntos. Basta procurar do jeito certo e nas fontes fidedignas. Nesse artigo vou falar de coisas aparentemente sem nexo como hábitos de consumo, sustentabilidade, animais exóticos e outros nem tanto e a relação entre esses temas. Como uma sucessão de eventos levou aos caos mundial anunciado dessa atual pandemia. E como isso tudo ainda pode piorar.

segunda-feira, 22 de março de 2021

O inimigo invisível e uma guerra sem vencedores...



Durante séculos, senão em toda a história da humanidade, os gastos de recursos com a autodefesa, frente a qualquer ameaça a sobrevivência de nossa espécie, levaram a escolhas de como gerir os meios de subsistência, de forma a equilibrar esses recursos sempre limitados, na balança de sucesso ou fracasso na manutenção da vida. Numa comparação simplória, para os primeiros humanos, gastar materiais combustíveis para preparar alimentos ou iluminar a entrada do abrigo para afastar as feras, usar a madeira para fazer o fogo ou esculpir lanças, alimentar melhor os guerreiros e caçadores do que os mais velhos ou as crianças para garantir indivíduos mais fortes para a caça ou para a defesa do grupo deviam ser questões muito discutidas dentro das comunidades.

domingo, 21 de março de 2021

Pandemia: uma imagem vale mais que mil palavras...



Essa matéria nem precisaria de texto. A imagem acima fala por si. Mas quem gosta de escrever não resiste a publicar um artigo apenas com uma foto. Em meados de janeiro desse ano, muitos países, inclusive Brasil e Portugal, sofreram uma escalada na pandemia de Covid. Provavelmente pela proliferação de novas variantes do vírus, relaxamento das medidas restritivas de circulação antes e após as festas de Natal e Ano Novo. Aqui no Brasil ainda houve o carnaval com aglomerações clandestinas. Em todo o mundo a pressão das pessoas cansadas dos confinamentos também faz pressão. As empresas já muito prejudicadas financeiramente pelos confinamentos, mesmo que parciais leva ao declínio econômico e desespero de seus proprietários.  Todos esses fatores fazem pressão sobre governantes e autoridades sanitárias. Houveram então desconfinamentos considerados precoces e temerários. Médicos, cientistase autoridades sanitárias alertaram para o risco. Não foram ouvidos. Isso ocorreu na quase totalidade dos países. Em muitos países a população se rebelou violentamente contra medidas sanitárias e de restrição á circulação e com o fechamento das diversas atividades econômicas. Não foi um caso isolado ou que tenha acontecido de maneira pior no Brasil.

quinta-feira, 4 de março de 2021

Quando o leitão come o fazendeiro...

 


Mal abro o jornal pela manhã e me deparo com a matéria num canto da primeira página: O presidente descontraído que convidou um parlamentar a preparar um “almoço temático” – seja lá o que isso sifgnifique em palácio – cujo prato principal era um leitão. A matéria não deu mais detalhes de como a iguaria foi preparada. Mas descreveu o estado de animo do governante e os pratos secundários. Enquanto se regalavam com o banquete, do lado de fora, mais 1800 brasileiros perdiam suas vidas.  

Ainda segundo o noticioso, o presidente estava “alegre e bem descontraído” como o descreveu o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) “que foi convidado a preparar um leitão para almoço temático informal”. Consta ainda na matéria, que o deputado “também preparou linguiça, feijão tropeiro e carne moída com quiabo para o banquete”. Infelizmente também não constava na matéria a lista de bebidas. Fosse meu o porco, eu teria servido um Jerez. Mas gostos são gostos. Ou desgostos.

terça-feira, 2 de março de 2021

Estamos no buraco...

 


Brasil, dois de março de 2021: 1.800 vidas perdidas para a Covid. Se a média móvel não aumentar – mas tudo indica que vai – em dois de abril próximo serão mais 50.000 mortes. Passaremos a trágica barreira dos 300 mil brasileiros perdidos para o vírus. Nesses próximos trinta dias não conseguiremos vacinar, com duas doses, mais do que 2% da população brasileira.  E mesmo que conseguíssemos, seriam necessários mais 30 dias para que a eficácia máxima dessas vacinas fosse atingida.

Precisaremos que mais da metade da população seja vacinada para que a doença regrida a números que representem as infecções e óbitos similares a outras doenças que são controladas com vacinas. Como a gripe, o sarampo, a tuberculose, etc. que acabam por se tornarem endêmicas e controladas.

Portanto, inocular com duas doses cerca de 100 milhões de brasileiros será uma meta a ser atingida, com muita sorte, somente no início de 2022. Até lá, quantas mais vidas serão perdidas? Serão 300, 400 mil ou, como nos Estados Unidos, mais de meio milhão de pessoas que irão morrer? Ninguém nesse momento sabe responder. Mas as estatísticas são muito pessimistas.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Farinha pouca, meu pirão primeiro...

 

O ditado popular é antigo. Mesmo já estando fora de moda, na linguagem dos mais novos, reflete uma triste verdade.  Mesmo em tempos de catástrofes, como a que o mundo vive agora, o egoísmo e a ganância não dão tréguas. É inato a todas as espécies vivas, em momentos de grande perigo ou escassez de recursos, querer sobreviver a qualquer custo. Seria razoável pensar que, pelo menos na espécie humana, por conta da razão e da inteligência emocional, esse tipo de comportamento fosse diferente. Não é o caso. Como no naufrágio do navio Titanic, que por economia e excesso de confiança dos construtores, tinha muitos  menos botes salva vidas do que a capacidade total de passageiros, o que se viu  foi os mais ricos, mais fortes e mais espertos embarcarem primeiro. Conta à história que alguns botes foram baixados ao mar com lugares sobrando. A maioria dos passageiros com bilhetes mais baratos morreram na tragédia. A arrogância do capitão – e toda semelhança aqui não é mera coincidência – em seguir viagem, mesmo com nevoeiro e avisos de icebergs na rota, levou ao desastre.

Agora, no momento que o mundo precisa de muitos milhões de doses de vacinas – na verdade bilhões – alguns países tem estoques de vacinas já recebidas ou encomendadas, suficientes para vacinas várias vezes todos os seus cidadãos. A grande maioria, no entanto, segue sem previsão de receberem as primeiras e escassas doses que sobraram. Farinha pouca meu pirão primeiro. Do outro lado da balança, que pende sempre para os mais ricos e para o capitalismo selvagem, estão os fabricantes europeus que parece que andaram vendendo e cobrando adiantado por milhões de doses que prometeram entregar, mas que não tem capacidade industrial de produzir no tempo contratado. Mesmo assim a distribuição do pouco que é produzido não segue parâmetros justos.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Uma sopa de letrinhas sem sabor e requentada...

 

Se a quantidade absurda e desnecessária de mortes - já que grande parte delas poderia ser sido evitada – que se acumulam e chegam ao quarto de milhão, parecem não sensibilizar mais a opinião pública brasileira, por ouro lado, as notícias sobre a campanha de vacinação, que caminha a passos lentos e imprevisíveis, passou a ser o foco no jornalismo e no discurso dos gestores públicos e políticos. Estes últimos, tentando desviar a atenção do povo dos erros e absurdos cometidos na condução das politicas para combate ao Covid. Mas basta uma leitura rápida nas matérias de alguns jornais para se perceber que a falta de clareza e planejamento continua a ser a norma. Frases prontas, expressões de efeito, transferências de responsabilidade e propostas condicionais são a temática presente em todas as declarações.

Tudo cuidadosamente pensado por marqueteiros e assessores de imprensa para mascarar  o obvio: não temos e nem teremos vacinas em quantidade suficiente e tempo hábil para controlar a pandemia nos prazos preconizados por especialistas e nem nos prazos fantasiosos dos governantes e autoridades sanitárias. Não apenas a severidade do vírus, sua propagação e a taxa de mortalidade evidenciam que uma resposta rápida em todo o mundo deve ser dada, mas o surgimento de novas cepas e variantes do Covid, que aumentam em número e grau de severidade, colocando em risco mais vidas e o próprio processo de vacinação, que ainda caminha a passos lentos em todo mundo, levando inclusive muitos cientistas a afirmarem mesmo que as vacinas atuais, que mal começam a ser distribuídas, já devem ser modificadas em face da provável ineficácia contra essas variantes.

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Biscoito fino... Rui Veloso

 


Aliás, tem tempo que não posto nenhum por aqui... Quando pensamos em Portugal, pensamos em vinhos e fados. Mas há um universo cultural, gastronômico e de outros sentidos nessa pátria tão diversa e bonita, que reúne tantas diversidades, surpresas e belezas em um território tão pequeno. Rui Veloso é um desses artistas pouco conhecidos por aqui, mas que como o bom vinho português só melhora com o tempo. Mais de 40 anos de carreira com um estilo próprio, que abraçou ainda jovem, indo na contra mão das tradições, adotou o rock e o blues, mas se mantendo de certa forma, às suas origens lusitanas. No link https://www.rtp.pt/play/p7801/e525960/primeira-pessoa podemos ver um pouco de sua trajetória, com seu jeito próprio e irreverente de ver a vida, entrevistado pela excelente jornalista Fatima Campos Ferreira. E apreciar uma de suas últimas apresentações ao vivo em https://youtu.be/PKzygd1CDc0. Vale conferir.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Torcendo contra...

 


Que no Brasil somos especialistas em fazer apostas duvidosas, isso sabemos. A ver as últimas eleições presidenciais. Torcemos contra nós mesmos. Seja nas escolhas políticas, seja em tantas outras estratégias, das mais simples as mais complexas. Culpamos quase sempre os governantes e as diversas esferas do sistema. Aliás, esse tal Sistema – que grafo assim mesmo com maiúscula – parece uma espécie de deus ou de entidade superior na nossa cultura. Tudo que dá errado é atribuído a ele. O caso mais simples? Só experimentar ligar para algum serviço de tele atendimento. Tudo que der errado, tudo que não estiver disponível é culpa dele.  Com a pandemia não é diferente. Depois de um ano de pandemia, ainda não conseguimos planejar, gerir, aceitar e principalmente fazer cumprir estratégias básicas. Sejam pelos governantes, entes públicos e, principalmente, pelos cidadãos.

A tristeza em Portugal tem esperança, no Brasil a vergonha não tem fim...

Portugal chegou a ficar no topo das listas de países afetados pela pandemia em relação a novos casos, mortes diárias e mortes totais por milhão de habitantes nos últimos dias de janeiro de 2021. No dia 28 de janeiro o país viu morrerem 303 cidadãos. O número diário mais alto de todo o período que já dura a pandemia. Para nós, aqui no Brasil, onde já se tornou banal a perda média diária de mais de 1200 vidas, sem  grande parte da população dar importância, em um país com alto grau de desenvolvimento e cerca de 8 milhões de habitantes, trezentas vidas perdidas se tornou um escândalo. O relaxamento das medidas de confinamento durante as festas de final de ano, que foram duramente criticadas pelos profissionais de saúde, mas concedidas pelo governo em função de pressões políticas, econômicas e principalmente pelo peso que a tradição dessas comemorações tem na cultura portuguesa, levaram a uma explosão de contágios, aumento de internamentos em enfermarias e unidades de terapia intensiva e principalmente a explosão do número de mortos.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Possíveis benefícios da vacina tríplice viral (MMR) na pandemia de covid19

 


Esse gráfico talvez mostre – e reitero bem esse talvez – um dos maiores desperdícios de recursos existentes e seguros, que poderiam ser usados para aliviar os efeitos desastrosos da pandemia de Covid em todo o mundo. E novamente, talvez, mostrar uma terapia barata, amplamente acessível e segura para a diminuição do número de infectados e mortos pelo Covid19. Trata-se de uma vacina. E uma vacina segura, já amplamente testada e utilizada mundialmente; a tríplice viral ou MMR em língua inglesa. Em alguns países como o Brasil, que possui um excelente programa de vacinação pública, todas as crianças, entre o primeiro e o quinto ano de vida, recebem duas doses dessa vacina. Notando-se que essa vacina foi introduzida paulatinamente no calendário vacinal brasileiro a partir de 1992.

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

O capital sempre dá seu jeito...

 

Na imagem: à esquerda mink criada em cativeiro. à direita, milhares de animais abatidos e sem as peles, para conteruma nova cepa do Covid 19 na Dinamarca. Foto: Ritzau Scanpix Denmark/Reuters

Agora caiu a ficha... ontem a Dinamarca, Espanha e Polônia anunciaram que iriam sacrificar toda a criação de minks em fazendas. Ao todo serão sacrificamos mais de 20 milhões de animais. A medida visa conter uma cepa mutante do Covid 19 que já infectou fazendeiros. Hoje, vejo nova foto pinicada onde aparecem centenas de animais prontos para serem cremados ou enterrados. Detalhe: estavam sem as peles.