sexta-feira, 2 de outubro de 2015

A vitória do renegado...

1944 Willys MB Jeep. All images courtesy of Bonhams Auctions. - See more at: http://blog.hemmings.com/index.php/2013/05/23/found-in-crate-1944-willys-mb-jeep-to-cross-the-block/#sthash.OwNuyL40.dpuf
Neste mês de setembro, onde tornados e furacões agitam a economia e o dia-a-dia das famílias brasileiras, um novato conseguiu vender mais que o campeão de vendas por décadas e outrora eleito o queridinho dos motoristas brasileiros: o JEEP RENEGADE, com 5.676 unidades emplacadas em setembro/2015, ficou em décimo primeiro lugar nas vendas. Ficou à frente do Volkswagem Gol, despencou para o décimo segundo lugar, com 5.252 unidades emplacadas no mesmo período(Fonte: AutoInforme). O que causa espanto e curiosidade é que o Renegade, lançado a poucos meses custa, na versão básica, R$ R$ 95.848,00  cobrando incríveis R$ R$ 133.012,00 pela versão top de linha ainda conseguiu vender mais que o GOL básico, na versão 1.0 Totalflex de quatro portas, que cobra do consumidor R$ 34.200,00.

Se considerarmos que o campeão de vendas, por dois meses consecutivos foi o CHEVROLET ONIX, com 10.211 unidades emplacadas em setembro, ao custo de R$ 41.805,00 pela versão básica Hatch 1.0 8v Flex 5p Mecânica, vemos que mesmo em crise, o brasileiro tem aberto mais a carteira quando se trata de realizar o sonho do carro novo. De qualquer forma, a montadora do JEEP surpreende como case de sucesso: teve a ousadia de lançar um modelo top com preço médio acima dos cem mil reais,  em tempos bicudos e incertos. Com marketing agressivo, a estratégia deu certo. Vendeu mais de 20 mil unidades do SUV compacto, lançado em abril, deixando para trás muitos veteranos de mercado.

sábado, 5 de setembro de 2015

Quando uma foto importa muito, mesmo que nos choque.



O "garoto" cuja foto onde aparece afogado em uma praia da Turquia e tem incomodado alguns conhecidos(as) aqui no Face Book, tem nome: Se chama Aylan Kurdi. Nessa foto aqui ainda estava vivo, dormindo no colo da mãe horas antes de tentar a travessia que tirou sua vida. A repetição de imagens contendo uma carga violenta de tragédia pode sim, como bem lembrou Sandro Alves​, e outros que evocaram Susan Sontag, anestesiar a opinião das massas ignorantes. Mas carregam também um tremendo poder de mobilização instantânea; e por isso são captadas. O fotógrafo ético só divulga uma imagem dessas se achar que pude servir para motivar. Caso contrário, se tornam troféus de imbecilidade e mau-caratismo nas mãos dos Sebastiões Salgados da vida.

A morte do pequeno Aylan não foi em vão. Não justifica e nem deveria ter acontecido, mas graças a  ele, cerca de 15 mil refugiados conseguiram entrar na Áustria e na Alemanha nas últimas 24 horas e cerca de 180 mil outros vão receber asilo nos próximos dias ou semanas. Todos eles seriam trancafiados em campos na Hungria ou deportados de volta a Síria. Mas ainda existe mais de meio milhão de refugiados, deslocados pelas guerras naquele país, no Iraque e no Afeganistão, no Líbano e outros países às margens do Mediterrâneo esperando para fazer a travessia para a Europa.

Sim, muitas outras mortes acontecerão. Aydan Kurdi foi uma das quase três mil pessoas que morrerão ou desapareceram tentando a travessia em condições precárias e desumanas, vítimas de traficantes de pessoas. Outras tantas mil morrerão nos próximos meses, mas a morte e o drama desse garotinho não permanecerá anônima como as demais.


Você não deve mesmo reproduzir a foto desse menino jogado na areia. Mas pode e deve reproduzir uma das várias fotos dele ainda vivo e feliz, apesar da tragédia em que viveu, que existem pela internet.  Manter sua imagem e sua estória viva significa mantermos a pressão social que ajuda na solução de parte do problema.

domingo, 26 de julho de 2015

O pedreiro Valdemar já tem casa pra morar. Mas como fica o Jorge?

Na montagem o cantor Blecaute (O General da Banda) em um desfile de bloco de carnaval (cerca de 1955) e Rita Hayworth com Jorginho Guinle nos salões do Copacabana Palace, Rio de Janeiro. Autoria das fotos não encontrada.


“Você conhece, o pedreiro Waldemar? Não conhece? Mas eu vou lhe apresentar: de madrugada toma o trem da Circular. Faz tanta casa e não tem casa pra morar”

Assim começavam os primeiros versos de uma marchinha de carnaval, que foi sucesso em 1949, na voz de uma cantor chamado Otávio Henrique de Oliveira. Hoje tão desconhecido, que mesmo o apelido curioso não vai ajudar muito: Blecaute. Pois é, a canção que foi sucesso em muitos carnavais, com autoria de Jorge Martins e Wilson Batista, contava as agruras do homem pobre que lutava para sobreviver enquanto gerava riquezas para o patrão.

Embora o abismo social e a discriminação continuem tão presentes hoje quanto naquele carnaval de quarenta e nove, o pedreiro Valdemar já tem casa pra morar. Embora os fundamentos do problema, que levavam o operário a não poder morar em casa própria no meio do século passado, ainda persistam, eles se apresentam hoje camuflados com uma pretensa melhoria da mobilidade social. A propaganda oficial, que leva às alturas os méritos dos programas de distribuição de renda, fazem um bom trabalho. Pelo menos aos menos esclarecidos.

Se a situação melhorou para o Valdemar, o problema agora é com o Jorge. Qual  Jorge? Qualquer um. Poderia ser João, Pedro, Lucas, Marcos, só para ficarmos nos nomes bíblicos. Mas falando em santo, está se descobrindo um para tapar, de qualquer jeito, o outro. O Jorge representa aqui o brasileiro que hoje é chamado de classe média. Embora esteja longe de ser. É o cara que passou a frequentar o caldeirão das almas, que devem ser cosidas lentamente no tempero do discurso socialista da América Latina. Junto com os realmente ricos, ele passou a ser também apontado como causador das mazelas nacionais. Onde será necessário acabar com toda a diferença de classes para finalmente termos um país de miseráveis remediados.

sábado, 18 de julho de 2015

Um terrível espanto...

 The Duke and Duchess of Windsor meet with Adolf Hitler in Munich in 1937. Photograph: PA (The Guardian)

Essa semana, depois da crise grega, o que anda espantando os ingleses é a descoberta de um tal filme onde a então princesa Elisabeth e seus irmão faziam a saudação nazista nos jardins do palácio real. Não se fala outra coisa, senão a obscenidade das relações da realeza britânica, que não foi a única, com a Alemanha nazista. Falta de conhecimento histórico. Talvez poucos jovens hoje, mesmo na Europa, sejam capazes de responder quando começou ou terminou a Segunda Grande Guerra. É assunto que somente seus avós, muitos já falecidos, poderiam saber vagamente. Digo vagamente porque mesmo eles, que sofreram as agruras da guerra, não devem ter tido conhecimento da história anterior à deflagração do conflito. Em todos os livros de história e no imaginário popular, esse período negro é remetido ao intervalo de anos entre 1939, com a anexação da Áustria e a invasão da Polônia, até 1945, com a vitória aliada e a rendição do Japão.

Mas o que deveriam saber, é que o nazismo, como ideia política que levou a criação do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDP), ou simplesmente Partido Nazista, começou duas décadas antes, com um então obscuro Adolf Hitler sendo nomeado Fuhrer do partido. A partir de 1919 o NSDP se tornou ativo e cresceu exponencialmente até 1934, quando Hitler foi declarado presidente e chanceler da Alemanha. E ainda faltavam cinco anos para o início da guerra, como peculiarmente é definido nos livros escolares. Antes disso, com os interesses comerciais e políticos em jogo, diversos países da Europa namoraram com a política fascista alemã. Inclusive na Ásia, onde Rússia e Japão, fizeram tratados de cooperação e aliança. A verdade é que toda a Europa sempre dependeu da economia alemã secularmente. Como hoje ainda. Está aí a crise da União Europeia com todos os membros apontando e confiando no estado alemão para resolver todo pequeno ou grande terremoto que sacode a economia do euro.


O espanto de ver a família real inglesa as voltas com saudações nazistas e relações amistosas com o Fuhrer se deve apenas a esse raso conhecimento da história. Se daqui a vinte anos a Sra. Ângela Merkel resolver invadir a Grécia e anexar Portugal enviando gregos e lusitanos aos campos de concentração, se é que já não o fazem com sua política econômica, todos ficarão horrorizados de ver fotos de dignatários ilustres como Obama, James Cameron, Hollande e até mesmo a rainha louca de copas apertando a mão da dama de ferro (não a Tatcher) alemã. A história, ao contrário do que possa nos parecer os livros com fatos estratificados cronologicamente, está em constante movimento e se reescreve a cada minuto. E pior, muitas vezes repetindo os mesmos erros.