Foto: O RAUL DE COPA. Marcelo Ruiz., 2016 - RJ. |
Viver com pouco é
perigoso.
Esperança de mais.
Viver com muito
também.
O muito não completa.
Muito ou pouco, o
vazio está lá.
A agonia do muito ou
pouco.
Espreitando.
Entendo os que vivem
na rua.
Não com pouco. Com nada.
Aqueles que vagam nas
ruas.
Só com o vazio, que o
nada pode conter.
Trapos ambulantes.
Olhares além.
Num mundo que não se
vê.
Falando coisas
desconexas.
Ausência de um sentido
que não há.
Depois emudecem.
Esquecem o nome.
E o nome das coisas.
Se comem é instinto. Sem
fome.
Quando dormem é
cansaço. Sem sono.
Não se recolhem.
Apenas ficam.
Basta um oco ou vão de
porta, um buraco.
Onde lhes caibam.
Deixam o corpo ali.
Sem medo.
Nada a perder. A vida se foi.
O que fica é um pulsar
límbico.
Como o coma.
Sem a cama...