quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Imprensa marrom...

“Empresário bêbado bate em quatro carros e deixa uma pessoa ferida na zona oeste de SP”.

Sabemos que a mídia - no Brasil e no mundo – é controlada pelos interesses de poucos e não informa mais de forma independente há muito tempo. Mas aqui em terras brasileiras, a coisa é um pouco pior. Os editores-chefes já perceberam, faz tempo, que certas manchetes vendem mais na banca, promovem mais cliks nos sites e dão ibope na TV.

Um dos truques sórdidos preferidos é demonizar certas classes sociais ou profissões. Como os empresários por exemplo. Sabem que o povo, mal informado por eles mesmos, acha que todo empresário é ladrão, corrupto e playboy. Nem todos o são. Mas o antagonismo criado pela mídia irresponsável, para usar um adjetivo leve, vende muito.


Na matéria em questão, primeira página do UOL, da qual reproduzi a manchete, o importante era frisar que o motorista causador do acidente era empresário. Parece-me que o foco da matéria seria dirigir alcoolizado e as consequências disso. Não são somente os ricos que cometem esse tipo de crime.

Não estou defendendo os empresários. Mas assim como em outras situações, onde lhes convém, os meios de imprensa, ocultam crimes mais graves, dependendo das ligações financeiras ou politicas do noticiado, agora faz-se também o contrário. As duas situações deixam de informar com utilidade e isenção para defender outros tipos de interesse. Parece exagerado?

Vejam o caso do bicheiro Cachoeira. Em certos veículos é citado como o “empresário Carlinhos Cachoeira” e em outros como o “bicheiro cachoeira”. Em ambos os casos deveria ser citado apenas pelo nome, muito embora no texto da matéria, não haja problemas em salientar, dependendo do contexto da notícia, suas ligações com o mundo da contravenção ou do meio empresarial.

Assim vamos vendo casos esdrúxulos de prostitutas, sendo chamadas de modelo, atriz ou dançarina. Traficantes, molestadores de crianças e outros criminosos também são tratados como empresários. E a lista vai longe.  Para escrever uma boa matéria não é necessário e nem obrigatório que se qualifique o noticiado civilmente ao pé da letra e com detalhes supérfluos ou tendenciosos.


Se não, corre-se o risco de tornar a matéria, no mínimo, semelhante a um inquérito policial ou publicação de diário oficial e na maior parte dos casos se desqualifica ou denigre uma profissão ou categoria funcional.  

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