Imprensa marrom...
“Empresário bêbado bate em quatro carros e
deixa uma pessoa ferida na zona oeste de SP”.
Sabemos que a mídia - no Brasil e no mundo – é
controlada pelos interesses de poucos e não informa mais de forma independente
há muito tempo. Mas aqui em terras brasileiras, a coisa é um pouco pior. Os
editores-chefes já perceberam, faz tempo, que certas manchetes vendem mais na
banca, promovem mais cliks nos sites e dão ibope na TV.
Um dos truques sórdidos preferidos é demonizar
certas classes sociais ou profissões. Como os empresários por exemplo. Sabem
que o povo, mal informado por eles mesmos, acha que todo empresário é ladrão,
corrupto e playboy. Nem todos o são. Mas o antagonismo criado pela mídia
irresponsável, para usar um adjetivo leve, vende muito.
Na matéria em questão, primeira página do UOL,
da qual reproduzi a manchete, o importante era frisar que o motorista causador
do acidente era empresário. Parece-me que o foco da matéria seria dirigir
alcoolizado e as consequências disso. Não são somente os ricos que cometem esse
tipo de crime.
Não estou defendendo os empresários. Mas assim
como em outras situações, onde lhes convém, os meios de imprensa, ocultam
crimes mais graves, dependendo das ligações financeiras ou politicas do
noticiado, agora faz-se também o contrário. As duas situações deixam de informar
com utilidade e isenção para defender outros tipos de interesse. Parece
exagerado?
Vejam o caso do bicheiro Cachoeira. Em certos
veículos é citado como o “empresário
Carlinhos Cachoeira” e em outros como o “bicheiro
cachoeira”. Em ambos os casos deveria ser citado apenas pelo nome, muito
embora no texto da matéria, não haja problemas em salientar, dependendo do
contexto da notícia, suas ligações com o mundo da contravenção ou do meio
empresarial.
Assim vamos vendo casos esdrúxulos de
prostitutas, sendo chamadas de modelo, atriz ou dançarina. Traficantes,
molestadores de crianças e outros criminosos também são tratados como
empresários. E a lista vai longe. Para escrever
uma boa matéria não é necessário e nem obrigatório que se qualifique o
noticiado civilmente ao pé da letra e com detalhes supérfluos ou tendenciosos.
Se não, corre-se o risco de tornar a matéria,
no mínimo, semelhante a um inquérito policial ou publicação de diário oficial e
na maior parte dos casos se desqualifica ou denigre uma profissão ou categoria
funcional.
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