![]() |
Aviação comercial: a caixa preta que ninguém quer encontrar ou abrir... |
"Há mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe
na nossa vã filosofia"diz um velho ditado. O mistério do voo MH370, onde um Boeing de uma boa
companhia aérea desapareceu como fumaça nos céus da Malásia, entrando no sétimo
dia em que as autoridades de vários países envolvidos nas buscas tem apenas
desinformações. O incidente lembra o fatídico voo da Air France que, tendo
sumido no meio do Atlântico, em meio a uma tempestade, levou vários dias até
que se encontrassem os primeiros vestígios da queda. Durante o período de buscas,
também houveram informações conflitantes e desencontradas entre a companhia
aérea e as autoridades encarregadas das buscas. E os restos da aeronave e suas
caixas pretas só foram encontradas mais de dois anos depois.
O que está acontecendo na aviação comercial?
Nesses tempos
onde pessoas sãos rastreadas em tempo real com margens de precisão chegando a
poucos metros e objetos menores e menos importantes que um avião possuem
localizadores e sensores de identificação, como pode um avião de duzentas toneladas
e mais de 50 metros de envergadura desaparecer no ar? Todo o espaço aéreo do
planeta é vigiado interruptamente. Seja por radares terrestres civis e militares,
seja por satélites ou aviões de reconhecimento e vigilância ou mesmo de
espionagem. Tempos em que um drone,
aeronave não tripulada, consegue atingir com um míssil um carro com supostos
terroristas, misturado a outros veículos em uma rua de alguma cidadezinha em
guerra no meio do nada.
Enquanto os familiares dos mais de duzentos passageiros e
tripulantes sofrem com a falta de informação oficial e a desinformação
especulativa da mídia, interesses escusos, sejam estes políticos ou comerciais,
parecem dar as cartas por baixo da mesa. Estados Unidos, China, Índia, Vietnam
e outros países sabem mais da rota e provável paradeiro do voo MH370 do que
admitem oficialmente. Mas mantêm sigilo. Os fabricantes de aeronaves e
componentes também. Um deles chegou a admitir extraoficialmente que eles detêm
informações que não são repassadas a Malaysian Airlines porque eles não pagam
por esse tipo de serviço. Tudo é um jogo comercial e político. E no meio dessa
guerra estamos nós, os passageiros. O sofrimento das famílias dos desaparecidos
não sensibiliza ninguém quando se tratam de bilhões de dólares em negócios.
Na verdade, esse tipo de acidente ou incidente e o terror
que ele causa às pessoas e empresas, parecem servir de propaganda lúgubre e
nefasta para alavancar novos contratos de segurança de voo e prestação de
serviços de informação e inteligência empresarial no setor. Quem acompanha de
perto o desenrolar dos fatos desse e de outros acidentes aéreos percebe
claramente a guerra de informação. Ou melhor: de desinformação, mal entendidos,
comunicados oficiais e extraoficiais. Se existem formas seguras e eficazes de
proteção e rastreamento de aeronaves e seus passageiros, porque as empresas
aéreas de todo o mundo não são obrigadas por lei a pagarem por eles? Se a
legislação internacional do setor é frouxa e permite brechas, os donos de
companhias aéreas se aproveitam disso para economizar bilhões de dólares ao
ano. Mas na propaganda, vendem o transporte aéreo como o mais seguro,
confortável e maravilhoso do mundo.
No fim das contas, para essas empresas, é mais barato pagar
indenizações e arcar com outros custos envolvidos apenas quando acontece um
acidente. E como o índice histórico de fatalidades é baixo, sendo os aviões um
dos meios de transportes mais seguro, esse modelo de negócio é tentador, porque
na fatalidade de uma queda, os passageiros mortos não vão reclamar e os
parentes vivos podem ser confortados, calados ou comprados com pouca grana.
Afinal, a vida continua e a maioria dos passageiros não vai abandonar o avião
como meio de transporte. Cada vez que acidentes como esse se repetem, fica
faltando encontrar uma das caixas pretas do sistema.
Março/2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por sua participação. Seu comentário será respondido brevemente.