sexta-feira, 30 de março de 2018

O que nos sobra? O que nos falta?


Acordei tarde e, mergulhado no trabalho, nem vi que o estômago estava reclamando por minha atenção. Entro no Girafa´s às cinco da tarde. Pra quem não conhece é uma mistura de Macdonald com restaurante popular. O prato simples com arroz, feijão, carne e salada é barato. Em um feriado modorrento com tudo fechado e o que estava aberto, caro, a escolha era obvia. Passo por um casal de namorados conversando animadamente. Já haviam terminado o lanche. Mais duas mesas com duas senhoras idosas. Solitárias. provavelmente, pela hora, jantando. Faço meu pedido e me sento. Uma menina de uns sete anos, se aproxima do casal de namorados. Pela conversa e o jeito da garota, presumi que pedia para lhe pagarem um lanche. A moça da mesa lhe pergunta a idade e ela mostra, com os dedos das mão que tem oito anos. A moça se dirige ao caixa pega o cardápio e depois de deixar a garota escolher, paga o lanche e a convida a sentar com eles.
Pouco depois se levantam, se despedem da menina e vão embora. Em seguida um casal jovem, com um carrinho de bebe entra e sentam à mesa onde a menina começava a saborear o hambúrguer com batatas fritas.  O homem brinca com ela, se levanta e vai ao caixa. Pede um prato de frango compactado, arroz feijão e fritas. O mais barato do cardápio. Meu pedido chega. Pra mim, muita comida. Depois de uma dieta, onde perdi 35 quilos que não me faziam falta, acostumei a comer pouco. Quando a refeição do casal chega eles colocam a bandeja entre eles e o rapaz num gesto afetuoso pega uma garfada de feijão e arroz e oferece à companheira. Ela faz, depois o mesmo com ele. A filha oferece um pedaço do hambúrguer ao pai. Ele dá uma mordida e faz um comentário engraçado, que a faz sorrir. Não dou conta de comer tudo e me levanto para sair. Passo pelo casal, elogio o gesto delicado dos dois e pergunto se o prato dividido era por contingencia de dinheiro. Ele, meio envergonhado diz que sim. Ofereço-me para comprar-lhes outra refeição. Ele agrade. A mulher me pede para dizer que é para viagem. Assim, mais tarde, eles terão o que jantar, assim como a pequena Jeniffer, que dorme no carrinho. Peço o prato para viagem a moça do caixa e recomendo que é para eles levarem. Entrego a comanda ao rapaz, aperto sua mão e lhe desejo Feliz Páscoa, seja lã o que isso signifique para eles ou para mim. Vou andando para o carro pensando no que realmente nos faz falta. Lembro-me das duas senhorinhas jantando sozinhas em suas mesas e eu mesmo, no meu almoço tardio. Aquele rapaz, com sua família era o mais rico de nós três naquela lanchonete. Feliz Páscoa, seja lá o que isso represente para vocês também! 

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