Link para a matéria citada: https://istoe.com.br/policia-prende-suspeito-assassinar-jovem-durante-carona/ |
Mais uma mulher assassinada. Mais um crime premeditado. Mais
um latrocínio. Mais violência. Mas descaso das autoridades e ineficiência do
Judiciário. Velhos enredos para criar estórias novas. E tristes. Quando
mudaremos o curso das coisas?
Uma moça jovem, 22 anos, combina uma viagem em um aplicativo
de caronas pela internet. Mais um golpe. O assassino fingiu que se tratava de
um casal e combinou a viajem. No ponto de encontro apenas o homem apareceu. A
mulher, mesmo assim aceitou levá-lo. Não foi longe. No meio do percurso mais dois
comparsas ajudaram a estuprar, matar e roubar a jovem.
Foram pegos. Mas o mal está feito. A tragédia abatida sobre
os familiares. Nunca muda não é mesmo? Os envolvidos, já tinham passagem pela
polícia e um estava foragido da cadeia. É um caso atrás de outro. A sensação é
que podemos escrever essas matérias com algumas frases prontas. Só copiar e
colar. Nesse caso, pelo menos, o jornalista não precisou usar a frase “os
assassinos fugiram e ainda não foram localizados pela polícia”. Mas isso não
muda o destino trágico da vítima.
Qualquer coisa que se comente agora é inútil. Se falamos às
mulheres que não devem sair sozinhas à noite, pegar ou dar caronas a estranhos,
beberem demais desacompanhadas de uma amiga de confiança, imediatamente somos
bombardeados com retórica. Sim, isso é absurdo. Sim, a mulher tem o direito de
fazer o que quiser. Sim as mulheres deveriam estar seguras em qualquer
situação. Mas não estão. Ninguém está. Não é enfrentando riscos desnecessários ou ignorando perigos
que se vai mudar o mundo sexista em que vivemos.
Não se trata apenas de violência de gênero. É simplesmente
violência. Cão. Falência total de um Estado que deveria proteger seus cidadãos.
E manter presos os que comentem crimes. Não quero escutar “ah, mas você é homem
e não sabe o que passam as mulheres”. Realmente, mesmo não sendo sexista ou
machista, mesmo não sendo um abusador eu não sei de tudo. Mas sei o que nenhum
de nós deve fazer. Homens ou mulheres. Ou crianças. Seja quem for. Minoria ou
maioria. Eu não pegaria carona em um grupo de internet. Ponto. Eu não andaria
em locais perigosos sem necessidade. Eu tento me proteger da absoluta guerra em
que vivemos.
O que precisamos é reclamar mais, exercer direitos – e mesmo
assim tentando minimizar os riscos. Devemos promover uma mudança nas urnas em
2018. Mostrar, através de uma das formas disponíveis e legais, que não queremos
mais esse estado de coisas. Precisamos muito ainda falar de direitos das
mulheres, de direitos humanos. Mas precisamos falar de deveres. Precisamos
falar de leis mais duras. Precisamos mudar esse Judiciário frouxo e inepto que
aí está. São mais frases de efeito sim. Também posso copiar e colar em quase
todo texto que escrevo sobre violência. Mas devemos nos focar no que deve ser
repetido à exaustão.
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