sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Sempre as mesmas histórias...

Link para a matéria citada: https://istoe.com.br/policia-prende-suspeito-assassinar-jovem-durante-carona/
Mais uma mulher assassinada. Mais um crime premeditado. Mais um latrocínio. Mais violência. Mas descaso das autoridades e ineficiência do Judiciário. Velhos enredos para criar estórias novas. E tristes. Quando mudaremos o curso das coisas?

Uma moça jovem, 22 anos, combina uma viagem em um aplicativo de caronas pela internet. Mais um golpe. O assassino fingiu que se tratava de um casal e combinou a viajem. No ponto de encontro apenas o homem apareceu. A mulher, mesmo assim aceitou levá-lo. Não foi longe. No meio do percurso mais dois comparsas ajudaram a estuprar, matar e roubar a jovem.


Foram pegos. Mas o mal está feito. A tragédia abatida sobre os familiares. Nunca muda não é mesmo? Os envolvidos, já tinham passagem pela polícia e um estava foragido da cadeia. É um caso atrás de outro. A sensação é que podemos escrever essas matérias com algumas frases prontas. Só copiar e colar. Nesse caso, pelo menos, o jornalista não precisou usar a frase “os assassinos fugiram e ainda não foram localizados pela polícia”. Mas isso não muda o destino trágico da vítima.

Qualquer coisa que se comente agora é inútil. Se falamos às mulheres que não devem sair sozinhas à noite, pegar ou dar caronas a estranhos, beberem demais desacompanhadas de uma amiga de confiança, imediatamente somos bombardeados com retórica. Sim, isso é absurdo. Sim, a mulher tem o direito de fazer o que quiser. Sim as mulheres deveriam estar seguras em qualquer situação. Mas não estão. Ninguém está. Não é enfrentando  riscos desnecessários ou ignorando perigos que se vai mudar o mundo sexista em que vivemos.

Não se trata apenas de violência de gênero. É simplesmente violência. Cão. Falência total de um Estado que deveria proteger seus cidadãos. E manter presos os que comentem crimes. Não quero escutar “ah, mas você é homem e não sabe o que passam as mulheres”. Realmente, mesmo não sendo sexista ou machista, mesmo não sendo um abusador eu não sei de tudo. Mas sei o que nenhum de nós deve fazer. Homens ou mulheres. Ou crianças. Seja quem for. Minoria ou maioria. Eu não pegaria carona em um grupo de internet. Ponto. Eu não andaria em locais perigosos sem necessidade. Eu tento me proteger da absoluta guerra em que vivemos.


O que precisamos é reclamar mais, exercer direitos – e mesmo assim tentando minimizar os riscos. Devemos promover uma mudança nas urnas em 2018. Mostrar, através de uma das formas disponíveis e legais, que não queremos mais esse estado de coisas. Precisamos muito ainda falar de direitos das mulheres, de direitos humanos. Mas precisamos falar de deveres. Precisamos falar de leis mais duras. Precisamos mudar esse Judiciário frouxo e inepto que aí está. São mais frases de efeito sim. Também posso copiar e colar em quase todo texto que escrevo sobre violência. Mas devemos nos focar no que deve ser repetido à exaustão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por sua participação. Seu comentário será respondido brevemente.