quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Assange e o mensalão...

Assange pediu que os Estados Unidos da América desistisse da caça as bruxas. Sábio conselho. Obama deveria escutar e acatar. Afinal eles não foram nem nunca serão os paladinos da justiça e documentos secretos sempre vazarão. Assange deveria também, caso consiga sair do embroglio em que se meteu, abrir um resort em Quito e sossegar o facho. Afinal sempre existirão documentos secretos e gente interessada em repassa-los. Mas no final das contas, tanto Assange quanto os Estados Unidos devem deixar de serem tolos o bastante para acreditar que resolverão todos os problemas do mundo invadindo republiquetas o Oriente Médio ou vasando documentos secretíssimos e importantes, que afinal de contas, nos dois casos, o resto do mundo não está nem um pouco interessado em assistir, passados os 15 minutos de fama da mídia.


Essa lição deveria ser também escutada aqui no Brasil. Os julgamentos de mensalões deveriam acabar de vez. O tempo e os recursos dos contribuintes que os nobres ministros da suprema corte gastam, deveriam ser empregados em causas mais producentes para o país. Afinal, enquanto os parlamentares assistem de graça o coito da assessora,  que em breve estará cobrando, dentro dos seus também 15 minutos de exposição, uma boa grana para mostras suas entranhas arreganhadas nas revistas para senhores, mais mensalões se engendram e outros se fortalecem. É uma luta sem fim. E sempre vazarão, como vazou alguns anos depois a fornicada mal dada da loira e do funcionariozinho do congresso.

Afinal qual brasileiro se importa mesmo com o que se passa no público ou privado das casas de seus representantes eleitos? Nessa terra onde todas as bocetas, tomadas nos vários significados da palavra, não estão a venda por um punhado de fama e dinheiro. No Brasil todo mundo quer ser famoso e rico. Trabalhando? Estudando? Pesquisando? Não. Afinal como diz o velho ditado vamos ao jogo que o trabalho é roubo. Devemos assumir nossa vocação de paraíso ufanista, malemolente e hedonista, paraíso tropical do sol e das bananas. A corrupção por aqui, vai continuar vazando assim como os papeis secretos do Sr. Assange.

Enquanto se prepara a pantomima da condenação de alguns bodes expiatórios de um mensalão antigo, outros são cozinhados na casa parlamentar e no seio das instituições da pátria amada. A máquina exige isso para continuar funcionando na surdina. O ministro relator, o procurador com cara de comediante gordo dizem que o julgamento será um marco na história da corrupção. Fico imaginando qual, com medo de arriscar um palpite. Pedir a condenação de um diretorzinho de banco estatal pelo desvio de setenta e poucos milhões é um acinte ao cidadão esclarecido. E os demais cumplices? Ou ele teria agido sozinho? Quem redigiu relatórios, deu pareceres, tramitou papeladas, agendou reuniões, digitou documentos e mesmo, acima dele autorizou os repasses milionários? Onde estão?

Exatamente nos mesmos lugares onde estavam. Provavelmente, não apenas na casa bancária, mas em todas as outras instituições atualmente investigadas,  estão costurando os demais mensalões que o sistema precisa engendrar. Alguns já descobertos, outros por descobrir. Mas a verdade é que, nessas mesmas instituições citadas nos noticiários e nos autos dos processos, muito mais dinheiro que o apurado, nas investigações de quase uma década, já saíram em malas de carros, cuecas, envelopes e outros meios menos óbvios para contas numeradas em paraísos fiscais. A máquina não para. Ela, em certos momentos engasga e cospe fora engrenagens desgastadas, mas o movimento continua.

Então deveríamos aproveitar nossos dotes de paraíso natural, como outras nações no Caribe fizeram e adotarmos logo a postura relaxada em relação a esses crimes. Na verdade deveríamos nos tornar nós mesmos um imenso paraíso continental fiscal tropical. Já temos um sistema bancário aparelhado e seguro, na verdade um dos mais seguros do mundo em termos de garantias ao investidor. Então é só convidar para cá os trilhões que repousam hoje em bancos suíços  meio velhos e abalados ou nas ilhazinhas caribenhas. O nosso lema deveria ser: O Brazil lava melhor. Aqui mesmo em caso extremo de investigação e condenação, as penas são brandas, a cadeia tem pizza e hidromassagem e a progressão das penas uma moleza.
  
Já tem até jingle pronto: Vem pra cá você também, vem! E com garantia do governo federal até 30 salários mínimos! Enfim vamos transformar o Brasil em um grande paraíso para o dinheiro sem fronteiras. Assim deixamos a floresta amazônica em paz, paramos de fazer buracos em Minas para extrair o ferro e não arriscamos mais nossos verdes mares extraindo petróleo. Vamos explorar petrodólares. É mais lucrativo e não agride ao meio ambiente. E teremos algumas vantagens. Basta aprender com o erros de outros e aproveitar as facilidades. A extinta União Soviética é um modelo a seguir e ainda teremos a vantagem do sol. Afinal que adianta ser rico e corrupto com um frio de congelar? Embora eles tenham a vodka e as russas. Mas aqui temos a cachaça e as periguetes.

Da Espanha devemos aprender a lição de não colocar todos os ovos no mesmo cesto, afinal lavar dinheiro apenas do narcotráfico pode, em alguns momentos, ser uma desvantagem. Ainda temos a China, mas eles lá têm o defeito de quererem ainda trabalhar. Precisam modernizar um pouco mais o livro vermelho. Mas todos tem lições a oferecer. O importante é aproveitarmos todas as expertises que temos aqui. Corruptos já somos. Gostamos de dar jeitinho em tudo. Somos chegados a ganhar  dinheiro sempre de maneira fácil. Temos belezas naturais impressionantes e ilimitadas. Depois da Copa e das Olimpíadas estaremos sabendo receber melhor os turistas. Embora não seja esse o tipo de público que virá para cá.

 Afinal os bilionários que investirão suas contas polpudas e secretas por aqui querem muito luxo. Mas disso até nossos pobres entendem. Já sabia disso o Joãozinho Trinta e os traficantes do Alemão e da Rocinha. Nossas moças parecem sempre entusiasmadas por homens de bolsos cheios. E isso é um ponto crucial. Não existe corrupção, máfias, carteis e contas numeradas sem diamantes e mulheres. Inclusive o próprio Assange deveria ter bolinado, se é que o fez, umas moças brasileiras. Teria se livrado a muito tempo das acusações e por pouco dinheiro. Afinal, se uma advogada, assessora de gabinete, se vende por um cachê de playboy para reparar a honra, o que dizer de uma recepcionista de wikileaks.

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