Infelizmente vivemos tempos onde pessoas são descartáveis.
Na mídia, exemplos diários de celebridades, queiram ou não formadores de
opinião, que se separam e uma semana depois já aparecem em outro
relacionamento. Isso quando não aparecem com outra pessoa ainda em uma relação
anterior. Direito e arbítrio de cada um? Sim. Absolutamente. Comportamento de
risco e potencializador de tragédias? Certamente.
Se vivemos a era das relações frívolas e descartáveis, se eu
sou descartado como coisa, posso também descartar o outro como se coisa fosse.
Muitas vezes de maneira passional, violenta e trágica. Nesses tempos de pressa
para tudo, não há mais lugar para o luto. Nem o da morte natural e nem o do fim
das relações.
Perder alguém vivo também nos faz passar pelo luto. Essa
morte em vida requer tempo de sofrimento, de aceitação e de recomeço, Se não ha
esse tempo, onde estão presentes a dor da perda, o medo da solidão e a
incerteza do futuro, a vida não pode seguir o rumo natural. Sem o luto, não há
renascimento. Somente um ciclo de
agonia, frustração, desespero e medo.
Nos casos mais patológicos sobrevêm a amargura, o rancor, o
ódio e o sentimento cruel da vingança. A passionalidade toma conta e as
tragédias acontecem. São as mesquinharias da execração pública, a vingança
através da alienação parental, a violência verbal e física, muitas vezes
culminando com a tragédia do suicídio ou a loucura do assassinato.
Não se trata de justificar nada. De defender partes ou
gêneros. Tragédia consumada, não adiantam os comentários acalorados, os
linchamentos públicos ou reais. A busca dos culpados. Se a sociedade funciona,
a lei será aplicada. Para apaziguar, decidir e punir. Mas se o debate isento,
que leva ao estudo e identificação das causas não acontecer, se as mudanças
necessárias não se processarem no tecido social, as tragédias dessa era de
solidão e egocentrismo continuarão a acontecer e se multiplicar até o ponto do
descontrole total e da perda de nossa condição humana.
Ótimo texto.
ResponderExcluirCoerente.