terça-feira, 21 de janeiro de 2014


O ciclo vicioso e nefasto...

Escória da ralé... Mas calma! Antes das pedradas me deixem explicar... não é por serem pobres ou viverem na periferia da periferia. Não é porque são de outra classe social. Fodam-se as classes sociais. Mas é porque são frutos podres do circulo vicioso da falta de estrutura, justiça social e cumprimento das leis no nosso mais.

São os filhos da corrupção. Palavra tão banalizada mas cujo sentido etimológico  significa o apodrecimento, a destruição o desagregamento. É o cancro que ataca o tecido social. O vírus mortal que transforma cidadãos em mortos-vivos.  Sem cérebro e ao mesmo tempo comedores de cérebros dos que ainda não foram afetados pela doença.


O que me causa ojeriza nessas pessoas, não é sua cor ou condição financeira, mas a falta de educação, de educação mesmo, no sentido de escolaridade. Pois eu diria que a maioria tem um pouco da outra educação. A dos princípios mínimos de sociabilidade. Provavelmente fruto das lições de pais mais antigos e conservadores.

Mas a falta de educação formal, a falta de cultura geral, a falta de um mínimo de consciência moral e cívica, de cidadania e principalmente de estética, leva a deformações graves de caráter. Torna-os uma massa inviável, exército de pessoas descartáveis. Tornando-os apenas em massa de manobra para quem corrompe e para os corrompidos.

Em um mundo onde o emprego formal desaparece rapidamente. Onde só há mercado para meia dúzia com padrão de excelência muito acima da média dos melhores e mais escolarizados, o que o sistema fará com essa gente? Nem para as tarefas mais aviltantes, em um futuro próximo com abundância de robôs humanoides baratos eles servirão.

Será essa gente os Eloi, do romance ficcional "A Maquina do Tempo" de H. G. Wells? Povo condenado a ser devorado sem nenhuma reação por Morloks de um mundo escondido e protegido por fortalezas?  O desespero e despreparo da sociedade dos shoppings em lidar com eles é a angústia de não saber o que fazer com esses humanos?

Uma espécie de terror, ocultado em segregação e repulsa, que brota de um sentimento antropofágico inconsciente. Pior do que não se saber o lugar que ocupamos no mundo é saber o que nos espera e o que de nós é esperado. A pantomima dos brincantes do rolé contrasta com os olhares angustiados dos que obedecem ao sistema que os mantém.


Os que brincam e desafiam tem a escolha de partir ou nem chegar. Os que de dentro reprimem ou repreendem sofrem porque sabem que não tem escolha e nem são livres para partir e trocar de lado. Agridem-se, alguns inconscientemente, por saberem que defendem um sistema que não os defenderá com a mesma eficiência e brutalidade.

Brasília, jan/2014

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