segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Ando mesmo é com tesão nas gringas...

Photo by Matt Blum/The Nu Project (http://www.thenuproject.com)

Porque ando com saudades de mulher de verdade. Mulher do tempo que homem gostava de mulher e que elas gostavam mais delas mesmas. Estou com fastio de mulher de capa de revista, masculina ou não, de mulher-fruta ou lá o que seja, artificial, photoshopada e colorida artificialmente por computador.  Ando com abuso de mulher o tempo todo produzida. Daquelas que se estiver com um pelo de meio milímetro na boceta, porque a depiladora deixou passar, vai te deixar na mão na noite de transa. Mulher que tem que estar toda depilada, de unha pintada com gliter e decalque, unha comprida que parece garra, mas não me agarra. Mulher de cabelo escovado, alisado a ferro e fogo, cheirando sempre a shampoo e amaciante. Mulher que não sai da cama sem maquiagem. Cabelo perfeito, em cima da bunda, também perfeita, com silicone ou academia demais. Sempre aquele cabelo louro ou com luzes, dividido no meio, escondendo metade do rosto, igual a todas as outras da balada, mesma cor de tintura, mesmo corte e mesmos trejeitos pra arrumar as madeixas.


Onde andam as mulheres de carne e osso?  Muito menos osso por favor. Quero curvas generosas, quero dobrinhas onde eu possa enfiar meus dedos e brincar de cosquinha.  Quero preguinhas e sinais. Pintinhas, marquinhas e nem saberei te dizer o que seja uma celulite. Quero mulher cheirosa, mas com perfume de alfazema e não o tempo todo ficar cheirando a Carolina Herera. Quero cheiro de suor, de cecê em certas horas na pegada. Quero cheiro de boceta e não de protetor de calcinha de camomila. Quero meter minha boca numa xoxota cabeluda, e escutar os gritinhos quando eu puxar alguns deles devagar. Não quero ver uma mulher com periquita de menina de seis anos que quase me faz sentir um pedófilo. Quero peitos que caiam normalmente e não fiquem apontado o tempo todo para o teto com espelho do motel, de onde uma mulher preocupada com caras e bocas não para de tirar os olhos.
Photo by Matt Blum/The Nu Project (http://www.thenuproject.com)

Enfim quero as gringas. E de preferencia aquelas mais radicais que nem o sovaco raspam. Que não estão nem aí pras unhas curtas e sem fazer e pras gordurinhas sobrando. Mas que tem um sorriso grande no rosto e estão de bem com a vida. Que andam peladas no parque ou na praia sem ligar para as imperfeições delas ou dos outros. Que apesar de viverem em climas frios onde quase não se mostra o corpo, não o vem como tabu. Com preconceito ou sacanagem. Quero entrar em uma piscina aquecida na Islândia, onde homens, mulheres e crianças, novos e velhos estão se divertindo pelados sem falar sacanagem, sem falar do big brother ou da violência nas ruas e dos políticos corruptos.


Me deprime demais saber que mulher brasileira é sinônimo de puta na Europa, que brazilian wax é sinônimo de depilação ousada entre as estrangeiras e que biquíni brasileiro é considerado ousado demais, mesmo para quem anda nu na praia. Que o Brasil é um dos países onde mais se vendem produtos de beleza e cirurgias plásticas. Que até buceta tem que ser esculpida agora pra ficar perfeita e que silicone passou a se medir aos litros. E que apesar disso tudo, a mulher brasileira, cada vez mais artificial e fútil mais me parece sem graça e vazia. Mais me tira o tesão, o interesse e encanto. Meu sonho de consumo é uma gordinha alemã e não estou falando de salsicha. 

Marcelo Ruiz

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