No Brasil que vê o sol nascer quadrado as vezes vive menos ansioso do quem levanta antes dele pra ganhar a vida honestamente. Fonte da imagem: Getty Images |
Saiu na BBC Brasil. Matéria alertando que mais de 13 milhões
de brasileiros, eu incluído, sofrem de ansiedade. O artigo original pode ser
lido clicando aqui. Segundo a OMS, o Brasil tem cerca de 6,4% da população
sofrendo do mal. O número é quase o dobro da média mundial. Fico me perguntado
o porquê. Afinal o país é a terra da alegria, do carnaval, do futebol e da
alegria. Turistas que vêm para cá se encantam com o jeito descontraído e
informal da nossa gente.
No artigo, é entrevistada a doutoranda Olivia Remes,
pesquisadora do Departamento de Saúde Pública e Cuidados Primários da
Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Ela explica o que é o transtorno de
ansiedade e como diferenciá-lo da ansiedade natural. E dá seis dicas de como
treinarmos nossos cérebros para combater o mal. Li cuidadosamente os seis
tópicos e fico me perguntando se a futura doutora já colocou os pés no Brasil.
De preferencia nos períodos onde a cidade praticamente fecha por conta da
violência armada que tomou conta da maioria das cidades.
Mas não custa tentarmos adaptar os conselhos para nossa
realidade. Então vamos lá:
1 – Monitore seus pensamentos
Transtornos de ansiedade são causados por pensamentos
negativos que invadem a mente sem aviso. "Pessoas com transtornos de
ansiedade são pessimistas. Elas acreditam que algo ruim está prestes a
acontecer, mesmo que não haja nenhuma evidência que aponte para isso. Elas
temem o futuro e acham muito difícil evitar esse tipo de preocupação”.
Devemos então fazer um esforço mental para abstrair as
incertezas de nosso cotidiano. Afinal, no Brasil, já sabemos o inevitável: o
que é ruim pode piorar. Então pra que se preocupar com as crises econômicas
sucessivas, a previdência ruim que vai ser reformada para ficar pior, os
impostos que apesar de altos para o que oferecem em troca, vão aumentar mesmo
para cobrir os rombos causados por quem os administram mal. E o desemprego pode
aumentar mesmo estando, segundo nossos governantes em perspectiva de queda.
Pensemos pelo lado positivo, nesse item: se você ficar desempregado
inesperadamente, procure relaxar. Afinal, é uma oportunidade de descansar do
estresse causado pelo trabalho quase escravo, mas que o governo também diz que
não é tão grave assim.
A doutora recomenda escolher uma hora do dia para nos darmos
um tempo de 20 minutos para que deixemos os pensamentos fluírem e nos ocuparmos
deles. Sugiro o horário de volta para casa, no ônibus lotado, quando o mesmo
passar naquela parte da cidade onde sempre entram os assaltantes.
2 - Faça
atividades físicas e pratique meditação
Aí está uma saudável
recomendação. Ao chegar em casa lá pelas dez da noite, depois de enfrentar três
horas de engarrafamento e desde que não esteja apavorado e indignado com o
celular que acabou de perder no assalto ao ônibus, coloque sua roupa esportiva,
um tênis bem surrado, pelo qual o ladrão nem se interesse, tire o relógio, afinal você não vai querer se
preocupar com horários. E com os gatunos. Saia nas ruas escuras e sem
policiamento do seu bairro e respire fundo. Se quiser pode reservar mais um
tempinho para pensar nos problemas que o angustiam. Era só uma vez por dia, mas
afinal de contas, aquele sujeito seguindo você pode não ser outro praticante de
caminhada. Academia poderia ser uma boa, desde que você opte por cortar mais um
dia de carne nos que já não tem na sua semana. Afinal vai estar melhorando a
dieta e fazendo sobrar uns trocados no saldo negativo do banco.
3 - Encontre
um propósito - nem que seja cuidar de seu animal de estimação
Bem... se você ainda
não matou seu cachorro a gritos ou resolveu soltar o gato bem longe de casa
para cortar os custos com ração e veterinário, a doutora diz que cuidar de um
animal de estimação pode ser um propósito. Se você não tem animal de estimação mas
tem um marido chato, já resolve também. Coloca ele na coleira e vá dar uns
passeios. Se não tiver marido, peça o vira-latas da vizinha que já enche seu
saco dia e noite latindo e procure, durante o passeio com ele, entender porque
ele age daquela forma. Talvez seja só fome mesmo.
4 - Veja o
lado bom da vida (por mais que isso seja desafiador)
Essa é fácil. Afinal
você está no Brasil. Comece a ver as coisas ruins que acontecem aqui todos os
dias por outra ótica. Afinal você ainda tem sorte. Há pessoas nesse momento que
vivem em outros lugares, onde a qualidade de vida é tão boa, que a falta de
preocupação com o futuro as faz entrar em depressão e começarem a ter ideias
suicidas. Pense na grana que a pobre turista espanhola gastou e a vida que
perdeu pelo simples fato de querer experimentar emoções fortes fazendo turismo
em uma favela no Rio de Janeiro. A que ponto pode chegar o desespero do
conforto.
5 - Viva
no presente
Aqui a ideia é bem
simples. Então pare de se preocupar depois que o salário acaba na primeira
semana do mês. Pensar no futuro pode ser preocupante. Quem tem que se preocupar
com suas dívidas são seus credores e não você! E afinal, se te disseram, no
passado, que o Brasil é o pais do futuro, desacredite de vez nisso. Não há
futuro por aqui. E o presente já é bastante preocupante. Lembre-se do ditado
popular: “O futuro a Deus (e aos políticos) pertence” e você certamente não é
nenhum dos dois.
6 - Busque terapia
A futura doutora
Olívia sugere que apenas medicamentos não bastam para controlar a ansiedade.
Mas sem ficar ansioso ou ansiosa, não tente marcar uma consulta psicoterápica
no SUS. E nem adianta tentar um clínico geral no Posto de Urgência do bairro.
Mesmo que o médico esteja atendendo, vai lhe receitar uns calmantes que a Farmácia
Popular não terá em estoque pra te entregar. Se a situação estiver muito fora
de controle, tente a lembrar o nome daquela benzedeira que sua amiga lhe
indicou e que atende naquele bairro afastado que você sempre teve medo de ir.
Certamente fazer a viajem até lá já te demonstrará que você certamente consegue
lidar com parte de sua ansiedade.
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