terça-feira, 24 de outubro de 2017

Lucrando com as mazelas... favela-commodities


Mais um caso de assassinato na favela. Mais uma vez a PM mata. E segue a cantilena de sempre. Por quarenta e oito horas a notícia vai alimentar feeds de notícias e manter a audiência em alta nas redes de TV. Especialistas serão ouvidos, discursos vazios serão proferidos pelos habituais representantes do poder público e da sociedade civil. Depois tudo acaba. Uma nova tragédia deve ocupar o vácuo deixado. Tragédia dá lucro e muita gente ganha.


Fico me perguntando o que um grupo de turistas espanhóis, assim como milhares de outros de diversas nacionalidades, esperam ver em visitas às favelas do Rio de Janeiro. O negócio envolve agências de turismo especializadas (???) nesse tipo de roteiro, que vendem, até mesmo no exterior, seus pacotes, frotas de veículos e motoristas. Em alguns casos usam jipes com carrocerias de lona, pintados de verde, como se estivesse prontos para um safari entre animais exóticos em terreno perigoso. Ganham também os donos do morro, que garantem a "segurança" dos negócios. E deve ter mais peixe graúdo envolvido, pois não há regulamentação - na verdade deveria haver proibição - para esse tipo de "desserviço" turístico.

E assim a miséria, a pobreza, a seca do Nordeste e outros temas com potencial demagógico para angariar votos, recursos financeiros que nunca chegam inteiros aos interessados, vão se mantendo secularmente no país. Financiam a política, a corrupção e todos os negócios milionários envolvidos no sistema. Favela e miséria dão lucro e a turista espanhola que perdeu a vida estupidamente é apenas uma baixa aceitável no sistema.

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