domingo, 29 de janeiro de 2017
segunda-feira, 2 de janeiro de 2017
Jornalismo REDOX...
O "atirador" também foi vítima. A família dele tão vitimada e sofrendo quanto a da ex-mulher e os familiares dela que ele matou antes de tirar a própria vida. Assassinos seriais ou terroristas dificilmente tiram a própria vida. Tentam sempre escapar da cena do crime. Se matam em ultimo caso quando se vêem encurralados. O objetivo deles é escapar para cometer mais crimes. Esse rapaz tinha emprego fixo, familia e nenhuma passagem pela polícia. Estava há cinco anos separado da mulher e do filho. Procurou ajuda da justiça, onde foi parcialmente atendido. Mas não procurou ajuda psicológica para superar os conflitos. Nem a família sabia que estivesse tão doente e desequilibrado. Nada justifica o que ele fez. Mas o descaso da sociedade e da Justiça explicam o fato.
domingo, 1 de janeiro de 2017
Um alerta... na verdade um chamamento à reflexão.
João Victor Filier de Araújo, morto pelo próprio pai em Campinas (fonte: UOL/Reprodução/Facebook) |
Não vou emitir julgamento e nem comentar sobre
essa tragédia familiar ocorrida na virada do ano. Mas 13 pessoas, incluindo o
autor, perderam a vida. O que está havendo com a sanidade de nossa sociedade?
Li o que já foi publicado na mídia. Vejo muitas lacunas que provavelmente serão
elucidadas. Mas nada do que se descobrir trará essas pessoas de volta. O
culpado não será punido. Já está morto. Mas existirão outros culpados? Talvez.
A mídia e a sociedade farão o que se espera. Condenando um mostro e vitimando
mais ainda as vítimas. Não resolverá o problema.
Meses atrás aqui e no exterior
aconteceram três casos seguidos de pais que se mataram junto com os filhos. O
que está havendo?
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
Elize Matsunaga e a misoginia
Elize Matsunaga quando ainda era garota de programa (Foto: reprodução) |
Terminado o julgamento, um júri sonolento e cansado, depois
de uma semana enfadonha, composto de quatro mulheres e três homens, condenou a
ré a dezenove anos e onze meses de reclusão pelos crimes de homicídio e
ocultação de cadáver. Pena dura. Muito dura. Fosse ao contrario, o marido
fanfarrão e milionário, talvez tivesse saído pela porta da frente do fórum em
liberdade. Mas não. Elize era mulher. Pior, era uma garota de programa que
resolveu mudar de vida. Nem suas congêneres no júri perdoaram-lhe o
atrevimento. Casamento é lugar para moças de família.
Elize Matunaga era moça de família. Família pobre. Elize foi
esposa e é mãe. Elize era tão moça pra casar quanto qualquer outra. Deu azar de
conhecer o homem errado. A promessa que fez de lhe tirar da vida difícil durou
pouco. No mesmo bordel onde a conheceu sete anos antes, já estava procurando
outra putinha aborteira para brincar de maridão. Por coincidência a nova vítima
foi colega da esposa. Quase vinte anos de reclusão é muito tempo de sentença em
um país onde gente como Marcelo Odebrecht e outros da mesma laia, “matam”
milhões e pegam penas irrisórias e ficam reféns de tornozeleiras eletrônicas
duvidosas.
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
Meu amigo norueguês
Lefse Sløttsstèk é um jornalista norueguês que vive no
Brasil há três anos. Correspondente de um periódico de Oslo, capital da
Noruega. Logo pela manhã sou acordado pelo seu telefonema. Não fosse o nome na
tela do meu celular, o sotaque inconfundível já me avisava quem ligava tão
cedo. Lefse fala razoavelmente nosso idioma, embora ainda se confunda com os
neologismos e gírias. Sempre me pede ajuda. Mas a dúvida de Lese hoje era sobre
o nefasto acidente ocorrido na Colômbia.
sexta-feira, 18 de novembro de 2016
O Luto dos Vivos
Infelizmente vivemos tempos onde pessoas são descartáveis.
Na mídia, exemplos diários de celebridades, queiram ou não formadores de
opinião, que se separam e uma semana depois já aparecem em outro
relacionamento. Isso quando não aparecem com outra pessoa ainda em uma relação
anterior. Direito e arbítrio de cada um? Sim. Absolutamente. Comportamento de
risco e potencializador de tragédias? Certamente.
Se vivemos a era das relações frívolas e descartáveis, se eu
sou descartado como coisa, posso também descartar o outro como se coisa fosse.
Muitas vezes de maneira passional, violenta e trágica. Nesses tempos de pressa
para tudo, não há mais lugar para o luto. Nem o da morte natural e nem o do fim
das relações.
Perder alguém vivo também nos faz passar pelo luto. Essa
morte em vida requer tempo de sofrimento, de aceitação e de recomeço, Se não ha
esse tempo, onde estão presentes a dor da perda, o medo da solidão e a
incerteza do futuro, a vida não pode seguir o rumo natural. Sem o luto, não há
renascimento. Somente um ciclo de
agonia, frustração, desespero e medo.
Nos casos mais patológicos sobrevêm a amargura, o rancor, o
ódio e o sentimento cruel da vingança. A passionalidade toma conta e as
tragédias acontecem. São as mesquinharias da execração pública, a vingança
através da alienação parental, a violência verbal e física, muitas vezes
culminando com a tragédia do suicídio ou a loucura do assassinato.
Não se trata de justificar nada. De defender partes ou
gêneros. Tragédia consumada, não adiantam os comentários acalorados, os
linchamentos públicos ou reais. A busca dos culpados. Se a sociedade funciona,
a lei será aplicada. Para apaziguar, decidir e punir. Mas se o debate isento,
que leva ao estudo e identificação das causas não acontecer, se as mudanças
necessárias não se processarem no tecido social, as tragédias dessa era de
solidão e egocentrismo continuarão a acontecer e se multiplicar até o ponto do
descontrole total e da perda de nossa condição humana.
domingo, 2 de outubro de 2016
Viver com pouco...
Foto: O RAUL DE COPA. Marcelo Ruiz., 2016 - RJ. |
Viver com pouco é
perigoso.
Esperança de mais.
Viver com muito
também.
O muito não completa.
Muito ou pouco, o
vazio está lá.
A agonia do muito ou
pouco.
Espreitando.
Entendo os que vivem
na rua.
Não com pouco. Com nada.
Aqueles que vagam nas
ruas.
Só com o vazio, que o
nada pode conter.
Trapos ambulantes.
Olhares além.
Num mundo que não se
vê.
Falando coisas
desconexas.
Ausência de um sentido
que não há.
Depois emudecem.
Esquecem o nome.
E o nome das coisas.
Se comem é instinto. Sem
fome.
Quando dormem é
cansaço. Sem sono.
Não se recolhem.
Apenas ficam.
Basta um oco ou vão de
porta, um buraco.
Onde lhes caibam.
Deixam o corpo ali.
Sem medo.
Nada a perder. A vida se foi.
O que fica é um pulsar
límbico.
Como o coma.
Sem a cama...
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
Amar, verbo intransitivo?
Fernanda Gentil (Foto: Reprodução/Instagram) |
A jornalista Fernanda Gentil declarou em entrevista ao
jornal “O Globo”: “Estou só exercendo meu direito de ser muito, muito feliz”,
ao revelar publicamente um novo relacionamento com a jornalista Priscila
Montandon, que teria se iniciado em julho de 2016. Ela e o empresário Matheus
Braga tiveram um relacionamento de quinze anos do qual tiveram um filho. A
separação ocorreu em abril desse ano. Em abril ainda, o empresário foi visto em
uma festa beijando uma mulher desconhecida.
Não meu caro leitor. Essa não
será uma crônica com viés machista – coisa que não sou – e nem para comentar a
opção de gênero feita por Fernanda no novo relacionamento. Afinal, é coisa corriqueira,
nos dias de hoje, s acabarem os relacionamentos. Também, graças ao bom senso,
as opções de gênero, em sua pluralidade e direito de escolha, já estão recebendo
o respeito que merecem. Exercício da liberdade de sermos humanos e únicos em
nossos gostos e desejos.
Hoje eu quero falar do Amor
terça-feira, 20 de setembro de 2016
Afetos e desafetos...
Quem me dera, nesse velho coração,
Que entrega e recebe tanta emoção,
Tivesse uns cantinhos e escaninhos,
Bem como uns carteiros pequeninhos.
Verdadeiro correio sentimental,
Nessa minha rubra agência postal,
Meus amarelos homenzinhos,
Encarregar-se-iam direitinho
De algumas interromper o caminho.
Seriam as missivas de amigos
Que nunca foram esquecidos,
E as outras, de meus desafetos,
Seguiriam seus rumos corretos.
Para a secção de perdidos objetos.
Dedicado à amiga Sônia Fernandes.
Brasília, Outubro de 2013
Esperanças de jardim...
Foto: Marcelo Ruiz - ESPERANÇA, Exposição Terra Brasilis, 1991 - Fortaleza - CE |
Plantei esperanças.
Nasceram saudades.
Deixei ficarem.
Esparramadas ao sol,
Modorramente cantavam:
Não nos arranque,
Nesse solo feneceremos.
E espalhados nossos
grãos,
Por tempos e ventos
De quem não conheces
Caprichos ou vontades,
Renasceremos.
Salpicaremos teu campo
Com
alegrias-de-jardim,
Variedades de
bens-te-querem,
Miríades de acalantos
E raminhos de
solicitude.
E decerto algumas
soledades.
Somente para te
mostrar
Que não somos vãs.
Semeaste esperanças.
E aqui estamos.
Todas
nós...
sábado, 17 de setembro de 2016
Campo de pesadelos...
Como setembro é o mês em que está se falando de prevenção ao suicídio, a morte assistida de WP Kinsella, um premiado escritor canadense autor do best seller "O Campo dos Sonhos", me leva a pensar sobre a dignidade da vida e da morte. Eutanásia ainda é um tabu. Mas quando vejo o sofrimento de pessoas queridas, que desenganadas, precisam passar pela agonia de uma morte degradante, sintoo dever de falar sobre esse tema.
Seja por decisão da família, quando o moribundo não tem mais condições de manifestar seus desejos de forma clara, ou seja por vontade própria, como no causo do autor e muitos outros, o direito de sessar a própria existência deve ser reconhecido e respeitado.
Seguramente não é assunto de interesse da industria farmacêutica, da classe médica e dos hospitais. Fora as fraudes, da para imaginar o volume de dinheiro que corre sustentado pela indústria de manutenção do estado vegetativo e dos cuidados médicos que, no fim, não levarão a lugar algum , senão a uma bela lápide em um campo de pesadelos.
Felizmente para Kinsella, seu país natal, o Canadá, passou a permitir a morte assistida a partir de junho de 2016. Decisão memorável vinda de uma nação conhecida por ter um dos melhores sistemas de saúde e assistência social gratuita no mundo. Respeitar o direito a saúde e qualidade de vida significa acolher também a vontade manifestada, por qualquer pessoa que veja em uma morte dolorosa, sua ou de um parente, uma forma de crueldade e de privação de direitos constitucionais.
quarta-feira, 14 de setembro de 2016
Tira um selfie do teu cu!
Tire um selfie do seu cu...
Pelo menos seja criativo!
Desconfio de quem tira selfies com frequência.
Devem sofrer de baixa autoestima.
Inseguras e carentes de atenção.
Ou pedantes que necessitam se promover o tempo todo.
Verdadeiros pavões sociais.
Geralmente tentam vender o que não possuem pra entregar.
Lembrando que há as exceções justificáveis.
Fica a dica...
Sombra
Porque amar não é cultivar nada.
Muito menos um jogo de pegar.
Amar é se deixar ficar à sombra de uma arvore.
Você se recosta onde ela está.
E troca de lugar a medida que o Sol traça seu caminho.
Não questione a ambos por que mudam a direção...
Muito menos um jogo de pegar.
Amar é se deixar ficar à sombra de uma arvore.
Você se recosta onde ela está.
E troca de lugar a medida que o Sol traça seu caminho.
Não questione a ambos por que mudam a direção...
Direito a uma dignidade torta...
"Morrer é uma coisa que se deve deixar sempre para depois."
(Millôr Fernandes)
Fora o sempre afiado senso de humor do Millôr e mais uma fitinha colorida pra pendurar em algum lugar, sempre achei esse tema controverso. Prevenção ao suicídio pode ser um álibi perfeito para negar ao ser humano seu direito a vida, a dignidade , a liberdade e ao livre arbítrio. Quem pode ver os vídeos da alimentação forçada aos prisioneiros de Guantánamo, percebe que o sadismo da privação da própria morte é bem maior do que a crueldade da prisão injusta. Ou dos infortúnios que retiram do homem seu direito a uma vida livre e digna. Para que o direito à vida seja inquestionável é preciso que ele ampare, também, o direito sobre a própria morte.
Diabinho verde
Foto: Gatinho em massinha de modelar. Artista: Antonio José Villela, circa 2005 |
Vida dá inada essa que levamos.
Nós, artistas, sonhadores e loucos varridos.
Assim mesmo, em hipérbole.
Vivendo em Utopia, num país psicoplástico.
Sempre arrudeados de mil diabinhos verde-limão.
Nos catucando a cada dez minutos.
Se não for dia de santo ou feriado.
O inpasto é auto e a re-feição é cara.
Quando dá, trabalho.
E o polvo diz que noz é feliz.
Mesmo sendo moscado.
Mais há qui, autista apanha um bocado.
Mesmo não sendo lesado.
E sai do cão, zinho verde!
Que ele tem pulgas e eu tenho que trabailar.
Se eu não escre, vinho, há de faltar.
sexta-feira, 2 de outubro de 2015
A vitória do renegado...
1944 Willys MB Jeep. All images courtesy of Bonhams Auctions. - See more at: http://blog.hemmings.com/index.php/2013/05/23/found-in-crate-1944-willys-mb-jeep-to-cross-the-block/#sthash.OwNuyL40.dpuf |
Neste mês de setembro, onde tornados e furacões agitam a
economia e o dia-a-dia das famílias brasileiras, um novato conseguiu vender
mais que o campeão de vendas por décadas e outrora eleito o queridinho dos
motoristas brasileiros: o JEEP RENEGADE, com 5.676 unidades emplacadas em
setembro/2015, ficou em décimo primeiro lugar nas vendas. Ficou à frente do Volkswagem
Gol, despencou para o décimo segundo lugar, com 5.252 unidades emplacadas no
mesmo período(Fonte: AutoInforme). O que causa espanto e curiosidade é que o
Renegade, lançado a poucos meses custa, na versão básica, R$ R$ 95.848,00 cobrando incríveis R$ R$ 133.012,00 pela
versão top de linha ainda conseguiu vender mais que o GOL básico, na versão 1.0
Totalflex de quatro portas, que cobra do consumidor R$ 34.200,00.
Se considerarmos que o campeão de vendas, por
dois meses consecutivos foi o CHEVROLET ONIX, com 10.211 unidades emplacadas em
setembro, ao custo de R$ 41.805,00 pela versão básica Hatch 1.0 8v Flex 5p Mecânica,
vemos que mesmo em crise, o brasileiro tem aberto mais a carteira quando se
trata de realizar o sonho do carro novo. De qualquer forma, a montadora do JEEP
surpreende como case de sucesso: teve a ousadia de lançar um modelo top com
preço médio acima dos cem mil reais, em
tempos bicudos e incertos. Com marketing agressivo, a estratégia deu certo.
Vendeu mais de 20 mil unidades do SUV compacto, lançado em abril, deixando para
trás muitos veteranos de mercado.
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sábado, 5 de setembro de 2015
Quando uma foto importa muito, mesmo que nos choque.
O "garoto" cuja foto onde aparece afogado em uma
praia da Turquia e tem incomodado alguns conhecidos(as) aqui no Face Book, tem
nome: Se chama Aylan Kurdi. Nessa foto aqui ainda estava vivo, dormindo no colo
da mãe horas antes de tentar a travessia que tirou sua vida. A repetição de
imagens contendo uma carga violenta de tragédia pode sim, como bem lembrou
Sandro Alves, e outros que evocaram Susan Sontag, anestesiar a opinião das
massas ignorantes. Mas carregam também um tremendo poder de mobilização instantânea;
e por isso são captadas. O fotógrafo ético só divulga uma imagem dessas se achar que pude servir para motivar. Caso
contrário, se tornam troféus de imbecilidade e mau-caratismo nas mãos dos
Sebastiões Salgados da vida.
A morte do pequeno Aylan não foi em vão. Não justifica e nem
deveria ter acontecido, mas graças a
ele, cerca de 15 mil refugiados conseguiram entrar na Áustria e na
Alemanha nas últimas 24 horas e cerca de 180 mil outros vão receber asilo nos
próximos dias ou semanas. Todos eles seriam trancafiados em campos na Hungria ou
deportados de volta a Síria. Mas ainda existe mais de meio milhão de
refugiados, deslocados pelas guerras naquele país, no Iraque e no Afeganistão,
no Líbano e outros países às margens do Mediterrâneo esperando para fazer a
travessia para a Europa.
Sim, muitas outras mortes acontecerão. Aydan Kurdi foi uma
das quase três mil pessoas que morrerão ou desapareceram tentando a travessia
em condições precárias e desumanas, vítimas de traficantes de pessoas. Outras
tantas mil morrerão nos próximos meses, mas a morte e o drama desse garotinho
não permanecerá anônima como as demais.
Você não deve mesmo reproduzir a foto desse menino jogado na
areia. Mas pode e deve reproduzir uma das várias fotos dele ainda vivo e feliz,
apesar da tragédia em que viveu, que existem pela internet. Manter sua imagem e sua estória viva
significa mantermos a pressão social que ajuda na solução de parte do problema.
domingo, 26 de julho de 2015
O pedreiro Valdemar já tem casa pra morar. Mas como fica o Jorge?
“Você conhece, o pedreiro Waldemar? Não conhece? Mas eu vou
lhe apresentar: de madrugada toma o trem da Circular. Faz tanta casa e não tem
casa pra morar”
Assim começavam os primeiros versos de uma marchinha de
carnaval, que foi sucesso em 1949, na voz de uma cantor chamado Otávio Henrique
de Oliveira. Hoje tão desconhecido, que mesmo o apelido curioso não vai ajudar
muito: Blecaute. Pois é, a canção que foi sucesso em muitos carnavais, com
autoria de Jorge Martins e Wilson Batista, contava as agruras do homem pobre
que lutava para sobreviver enquanto gerava riquezas para o patrão.
Embora o abismo social e a discriminação continuem tão
presentes hoje quanto naquele carnaval de quarenta e nove, o pedreiro Valdemar
já tem casa pra morar. Embora os fundamentos do problema, que levavam o
operário a não poder morar em casa própria no meio do século passado, ainda
persistam, eles se apresentam hoje camuflados com uma pretensa melhoria da
mobilidade social. A propaganda oficial, que leva às alturas os méritos dos
programas de distribuição de renda, fazem um bom trabalho. Pelo menos aos menos
esclarecidos.
Se a situação melhorou para o Valdemar, o problema agora é
com o Jorge. Qual Jorge? Qualquer um.
Poderia ser João, Pedro, Lucas, Marcos, só para ficarmos nos nomes bíblicos.
Mas falando em santo, está se descobrindo um para tapar, de qualquer jeito, o
outro. O Jorge representa aqui o brasileiro que hoje é chamado de classe média.
Embora esteja longe de ser. É o cara que passou a frequentar o caldeirão das
almas, que devem ser cosidas lentamente no tempero do discurso socialista da
América Latina. Junto com os realmente ricos, ele passou a ser também apontado
como causador das mazelas nacionais. Onde será necessário acabar com toda a
diferença de classes para finalmente termos um país de miseráveis remediados.
sábado, 18 de julho de 2015
Um terrível espanto...
The Duke and Duchess of Windsor meet with Adolf Hitler in Munich in 1937. Photograph: PA (The Guardian) |
Essa semana, depois da crise grega, o que anda espantando os
ingleses é a descoberta de um tal filme onde a então princesa Elisabeth e seus
irmão faziam a saudação nazista nos jardins do palácio real. Não se fala outra
coisa, senão a obscenidade das relações da realeza britânica, que não foi a
única, com a Alemanha nazista. Falta de conhecimento histórico. Talvez poucos
jovens hoje, mesmo na Europa, sejam capazes de responder quando começou ou
terminou a Segunda Grande Guerra. É assunto que somente seus avós, muitos já
falecidos, poderiam saber vagamente. Digo vagamente porque mesmo eles, que
sofreram as agruras da guerra, não devem ter tido conhecimento da história
anterior à deflagração do conflito. Em todos os livros de história e no
imaginário popular, esse período negro é remetido ao intervalo de anos entre
1939, com a anexação da Áustria e a invasão da Polônia, até 1945, com a vitória
aliada e a rendição do Japão.
Mas o que deveriam saber, é que o nazismo, como ideia
política que levou a criação do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores
Alemães (NSDP), ou simplesmente Partido Nazista, começou duas décadas antes,
com um então obscuro Adolf Hitler sendo nomeado Fuhrer do partido. A partir de
1919 o NSDP se tornou ativo e cresceu exponencialmente até 1934, quando Hitler
foi declarado presidente e chanceler da Alemanha. E ainda faltavam cinco anos
para o início da guerra, como peculiarmente é definido nos livros escolares.
Antes disso, com os interesses comerciais e políticos em jogo, diversos países
da Europa namoraram com a política fascista alemã. Inclusive na Ásia, onde Rússia
e Japão, fizeram tratados de cooperação e aliança. A verdade é que toda a
Europa sempre dependeu da economia alemã secularmente. Como hoje ainda. Está aí
a crise da União Europeia com todos os membros apontando e confiando no estado
alemão para resolver todo pequeno ou grande terremoto que sacode a economia do
euro.
O espanto de ver a família real inglesa as voltas com
saudações nazistas e relações amistosas com o Fuhrer se deve apenas a esse raso
conhecimento da história. Se daqui a vinte anos a Sra. Ângela Merkel resolver
invadir a Grécia e anexar Portugal enviando gregos e lusitanos aos campos de
concentração, se é que já não o fazem com sua política econômica, todos ficarão
horrorizados de ver fotos de dignatários ilustres como Obama, James Cameron,
Hollande e até mesmo a rainha louca de copas apertando a mão da dama de ferro
(não a Tatcher) alemã. A história, ao contrário do que possa nos parecer os
livros com fatos estratificados cronologicamente, está em constante movimento e
se reescreve a cada minuto. E pior, muitas vezes repetindo os mesmos erros.
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