Mais uma que paga o pato pelo sistema de saúde falido que temos no Brasil e pela máfia das empresas particulares, que ganham bilhões com a precariedade desse mesmo serviço público. Aliás cabe ressaltar, antes de ir ao assunto principal desse post: o sistema de saúde público do Brasil não funciona somente por conta da corrupção ou também, propositalmente, pelo lobby da industria da dor? A médica não atendeu e a criança morreu. Monstra! Assassina! Condenem! E se ela tivesse atendido e a criança morresse nas mãos dela a caminho do hospital ou mesmo depois de dar entrada? A mídia e a opinião pública diriam: Assassina, irresponsável, não era pediatra e estava atendendo uma criança com graves problemas! Condenem e prendam!
Chamada publicada no Facebook pela revista ISTOÉ em 14/07/2017 direcionando para o link disponível em: http://istoe.com.br/medica-que-se-recusou-a-atender-bebe-vai-responder-por-homicidio-doloso/ |
A matéria, para a qual o link na rede social aponta, é sobre a aceitação, pela Justiça do Estado do Rio de Janeiro, em 14/07/2017, da denúncia por homicídio doloso contra a médica Haydée Marques da Silva, de 66 anos. A chamada com a foto da criança leva à matéria completa. Na página para onde o link direciona não há foto da médica (principal personagem do fato jornalístico narrado e nem da criança, como pode ser verificado clicando aqui.
Ora... colocar a foto do bebê, e expor a família a relembrar a dor da perda, pela imagem, vende mais. Ou melhor, dá mais clicks e page views já que estamos falando no formato digital da revista. Se a matéria é sobre a médica e no texto da mesma são citados ainda o juiz que acatou a denuncia e o próprio Ministério Público estadual, outras fotos poderiam servir para ilustrar a matéria. Na verdade, pelo tamanho e superficialidade, nem de foto a matéria precisaria. Mas colocar a foto da criança vende! E mais: cria comoção, coloca a médica como bode expiatório cômodo para as demais partes envolvidas.
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