O Universo (e a Natureza inerente a ele) tem regras. E elas
não podem ser quebradas. O homo sapiens
sapiens é o único animal no universo que se acha capaz de quebrar essas
regras – ou de outra maneira – iludir o curso da Vida. Se há outras espécies,
além do homem, que julgam poder fazê-lo, essas ainda não são conhecidas. Não
por coincidência, também é o homem a única espécie conhecida que tem conseguido
com um sucesso espantoso, degradar seu próprio meio ambiente, pondo em risco
não apenas sua existência, mas a de todo um eco sistema. É também curioso
observar, até onde sabemos no momento, que se trata da única espécie que tem a
consciência de sua própria mente. O que, ao contrário do que seria esperado,
não nos tem ajudado muito a sobreviver no ambiente cada vez mais hostil que nos
circunda e que é, em parte, criação desta mesma consciência.
Julgamos ter o poder de alterar coisas imutáveis. E aí está
a primeira grande tolice. Pois o que é imutável, por definição, não pode ser
alterado. Mas a nossa mente-ilusão nos dá a pretensão desse poder. A Natureza –
e acima dela o Universo – é implacável em seu curso de criação e destruição. E
continuará sendo, indo do caos à ordem e desta retornando ao primeiro. Suspeito
que mesmo se existisse um Deus criador de toda essa ordem-desordem, Ele
mesmo, antes de por tudo a funcionar,
criando regras que desconhecemos, teria sido cuidadoso o bastante para definir,
como primeira lei básica, a impossibilidade de ajustes posteriores, feitos até
por Ele mesmo, caso mudasse de ideia ao dar início a Criação.
Mas os humanos, mais que a crença em uma entidade superior,
tem a tola e insana pretensão de serem, eles próprios deuses. A ciência, que
retrocede a passos largos, lhes dá a garantia ilusória de que podem brincar à
vontade com as regras de um Universo ao qual pertencem, mas que não lhes
pertence. A vida segue inexoravelmente um curso estabelecido em um tempo que
não pode ser mensurado, porque simplesmente não existe. A ilusão do tempo, exclusiva
da espécie humana, também é causa da ilusão de um poder sobre esse tempo.
Brincamos como crianças tolas e geniosas com algo que não dominamos, tendo a
falsa sensação da segurança do que é conhecido.
E mesmo quando o Universo e sua manifestação natural no nosso
planeta nos joga na cara que não sabemos com o que estamos lidando, somos mais
infantis ainda, recusando a repreensão e, por birra, fazendo mais do que nos
está sendo apontado como errado – ou melhor dizendo – não natural. E nos largos
passos para a catástrofe total em que caminhamos, vamos acelerar um processo em
curso, talvez o primeiro na cronologia universal, de destruição de uma bela
parte do Cosmos. Certamente, pela pequenez desse ato e por conta do ínfimo
tamanho do que será destruído, o Universo não se moverá mais que alguns átomos.
Mas, paradoxalmente, mudará de uma maneira que também não podemos compreender.
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