domingo, 3 de setembro de 2017

Aviso aos Navegantes...

A luz de um novo dia em Saturno ilumina as nuvens onduladas do planeta e os arcos transparentes de seus vastos anéis. Fonte da imagem: https://www.nasa.gov/image-feature/jpl/pia21336/dawn-s-early-light




O Universo (e a Natureza inerente a ele) tem regras. E elas não podem ser quebradas. O homo sapiens sapiens é o único animal no universo que se acha capaz de quebrar essas regras – ou de outra maneira – iludir o curso da Vida. Se há outras espécies, além do homem, que julgam poder fazê-lo, essas ainda não são conhecidas. Não por coincidência, também é o homem a única espécie conhecida que tem conseguido com um sucesso espantoso, degradar seu próprio meio ambiente, pondo em risco não apenas sua existência, mas a de todo um eco sistema. É também curioso observar, até onde sabemos no momento, que se trata da única espécie que tem a consciência de sua própria mente. O que, ao contrário do que seria esperado, não nos tem ajudado muito a sobreviver no ambiente cada vez mais hostil que nos circunda e que é, em parte, criação desta mesma consciência.


Julgamos ter o poder de alterar coisas imutáveis. E aí está a primeira grande tolice. Pois o que é imutável, por definição, não pode ser alterado. Mas a nossa mente-ilusão nos dá a pretensão desse poder. A Natureza – e acima dela o Universo – é implacável em seu curso de criação e destruição. E continuará sendo, indo do caos à ordem e desta retornando ao primeiro. Suspeito que mesmo se existisse um Deus criador de toda essa ordem-desordem, Ele mesmo,  antes de por tudo a funcionar, criando regras que desconhecemos, teria sido cuidadoso o bastante para definir, como primeira lei básica, a impossibilidade de ajustes posteriores, feitos até por Ele mesmo, caso mudasse de ideia ao dar início a Criação.

Mas os humanos, mais que a crença em uma entidade superior, tem a tola e insana pretensão de serem, eles próprios deuses. A ciência, que retrocede a passos largos, lhes dá a garantia ilusória de que podem brincar à vontade com as regras de um Universo ao qual pertencem, mas que não lhes pertence. A vida segue inexoravelmente um curso estabelecido em um tempo que não pode ser mensurado, porque simplesmente não existe. A ilusão do tempo, exclusiva da espécie humana, também é causa da ilusão de um poder sobre esse tempo. Brincamos como crianças tolas e geniosas com algo que não dominamos, tendo a falsa sensação da segurança do que é conhecido.


E mesmo quando o Universo e sua manifestação natural no nosso planeta nos joga na cara que não sabemos com o que estamos lidando, somos mais infantis ainda, recusando a repreensão e, por birra, fazendo mais do que nos está sendo apontado como errado – ou melhor dizendo – não natural. E nos largos passos para a catástrofe total em que caminhamos, vamos acelerar um processo em curso, talvez o primeiro na cronologia universal, de destruição de uma bela parte do Cosmos. Certamente, pela pequenez desse ato e por conta do ínfimo tamanho do que será destruído, o Universo não se moverá mais que alguns átomos. Mas, paradoxalmente, mudará de uma maneira que também não podemos compreender.

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