|
Roger Waters em foto publicada na Veja disponível em http://veja.abril.com.br/blog/veja-recomenda/roger-waters-quebra-jejum-de-25-anos-com-disco-amargo/ com a legenda: "Roger Waters, ex-vocalista do Pink Floyd, lança o revoltado álbum 'Is This The Life We Really Want?" (Reprodução/Facebook)". |
O jornalismo vai mal no
Brasil... esse veículo nem se fala... Dou de cara com uma chamada para matéria
sobre o novo álbum do Roger Waters e cliquei por conta do cabeçalho da
reportagem...se é que se pode chamar assim. A editora de entretenimento começa
assim: "Em Is This The Life We Really Want?, Roger Waters faz The Wall
(1979) parecer cisma de criança..." Como assim? Li o restante mas não
entendi. Aliás o restante são mais meia dúzia de linhas mal escritas. A
moçoila, jornalista do alto dos seus vinte anos - sim, já usa o título de uma
formação que mal começou e só vai terminar somente em 2019 - ainda demoraria 18
anos pra vir ao mundo quando The Wall foi lançado, então porque a 'cisma de
criança"? Seria algum trauma com paredes? De qualquer forma, a jornalista
segue o texto classificando a obra como "amarga e pessimista",
comparando-a ao último trabalho de Leonard Cohen. Estou escutando a terceira
vez seguida o álbum e gostei muito. Um Roger tão "pinkfloideano" como
ele nunca foi. Retorna às origens da banda que ele quase conseguiu acabar. Mas
voltando à cisma da Mabi, o que ela esperava de uma lenda? O cara nasceu no
meio do bombardeio de Londres na Segunda Guerra, cresceu, trabalhou, criou e
denunciou por cinco décadas os absurdos da guerra e da sociedade contemporânea
indo da política a educação. Claro que é amargo. Aliás, nesses dias de glitter
e purpurina, onde a garotada acha que a vida é uma rave interminável, quem tem
um mínimo de senso e um punhado de neurônios ainda funcionando bem só pode
sentir amargura e desesperança ao ver o mundo piorar a cada ano. E essa
leitura, com as famosas mixagens de sons incidentais do PF, está de volta com
toda força nesse novo trabalho do jovem Roger. E a Mabi Barros ainda vai ter
que gastar muita ponta de dedo escrevendo para poder opinar sobre o que não
conhece direito e não viveu.