A pandemia de Covid não está só levando milhões de vidas e deixando tristeza e muitas famílias sofrendo perdas irreparáveis. A pandemia está derretendo não apenas economias fortes e estáveis, mas dizimando países que já vinham sofrendo décadas de desigualdades e miséria. Em comparação a 2019, o número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza pode aumentar em 120 milhões de indivíduos. Esse número é baseado na premissa que a economia global comece a se recuperar em 2021. O que é pouco provável, se considerarmos que a pandemia não mostra sinais claros de arrefecimento, principalmente devido à escassez de vacinas e a dificuldade enfrentada por muitos países em controlar o aumento de casos e índices de transmissão. Como é o caso do Brasil.
Nesse cenário, mais pessimista e realista, a perspectiva de longo prazo é que metade dessas pessoas, cerca de 60 milhões, pode permanecer permanentemente na situação de miséria extrema. Isso significa que o avanço, mesmo que pequeno, na diminuição da pobreza, conquistado desde 2018 seja perdido e que, em 2030 esse número seja ainda maior que os existentes em, antes da pandemia. As previsões mostram ainda que as maiorias dessas pessoas estarão em países da África.
Quando se trata de recuperação econômica e proteção aos cidadãos, nas economias mais ricas, os gastos e investimentos, feitos por esses países com ajudas financeiras em prol da diminuição da pobreza para as nações mais pobres, em valores de 2018, representa cerca de 1% do total que será gasto pelos países ricos para conter os danos causados pela pandemia. Estima-se que cerca de U$ 13 trilhões de dólares serão investidos, contra pouco mais de U$ 130 bilhões que foram gastos com ajudas aos países mais pobres.